O marido da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, foi atacado com um martelo nesta sexta-feira (28/10) por um homem que invadiu sua casa. O invasor teria perguntado a Paul Pelosi onde estava sua esposa. A vítima sofreu fraturas no crânio, no braço direito e mãos.
Segundo o porta-voz da congressista, Drew Hammill, Paul, de 82 anos, foi "violentamente agredido" por um homem que invadiu a residência da família em São Francisco e exigia ver Pelosi. Ele passou por uma cirurgia e não corre risco de vida.
"O motivo deste ataque ainda está sendo investigado", afirmou o chefe de polícia de San Francisco, William Scott. "Os nossos agentes se depararam com Paul e o suspeito segurando um martelo. O suspeito puxou o martelo de Paul e o atacou violentamente com ele", acrescentou.
O invasor foi detido e identificado como David Depape, de 42 anos. Scott acrescentou que Depape pode ser acusado de tentativa de homicídio, agressão com arma mortal, abuso contra idosos e outras acusações. O policial, no entanto, se recusou a responder perguntas sobre o agressor.
De acordo com a imprensa, Depape defendia posições de extrema direita nas redes sociais, incluindo teorias de conspiração sobre a covid-19 e divulgadas pelo movimento extremista QAnon. O agressor seria ainda apoiador do ex-presidente Donald Trump.
"Esse não foi um ato aleatório. Foi intencional e está errado. Todos deveriam estar revoltados com o que aconteceu nesta manhã", pontuou Scott.
O ataque ocorreu no início da madrugada, por volta das 2h30 (horário local). Nancy Pelosi estava em Washington no momento da invasão. Segundo a imprensa americana, o intruso disse a Paul que queria amarrá-lo e esperar até que sua esposa voltasse para a casa. Paul conseguiu telefonar para a emergência num momento de distração de Depape.
Nancy Pelosi, que é a segunda na linha de sucessão da presidência americana, interrompeu seus compromissos para voltar para São Francisco e cuidar do marido. O incidente aconteceu a menos de duas semanas das eleições legislativas de 8 de novembro.
Durante um ato eleitoral na Filadélfia, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, condenou o ataque e o descreveu como "desprezível". "Disseram que o mesmo grito usado por esse sujeito foi utilizado em 6 de janeiro [de 2021, na invasão do Capitólio dos EUA]: 'Onde está Nancy? Onde está Nancy? É desprezível!'", comentou o presidente americano.
Por essa razão, Biden pediu contenção. "O que nos faz pensar que um partido pode falar em eleições roubadas, que a covid é uma farsa e que tudo é um monte de mentiras e que isso não afeta pessoas que talvez não sejam muito equilibradas?", questionou.
Nessa alusão implícita a recorrentes manifestações republicanas, Biden advertiu sobre como tudo isso pode afetar o clima político. "O que nos faz pensar que não vai corroê-lo? Basta. Toda pessoa de boa consciência deve se opor clara e inequivocamente à violência em nossa política, não importa qual seja sua política", ressaltou.
O ataque também foi condenado por congressistas de ambos os partidos. "O que aconteceu com Paul Pelosi foi um ato covarde", destacou o líder da maioria no Senado, o democrata Chuck Schumer.
Já o líder republicano do Senado, Mitch McConnell, ressaltou que estava "horrificado e indignado com os relatos" da agressão.
Embora as circunstâncias do ataque não sejam claras, o incidente levanta questões adicionais sobre a segurança dos membros do Congresso americano e de suas famílias. Quase dois anos após a violenta invasão do Capitólio, houve um aumento de ameaças aos legisladores. Segundo a Polícia do Capitólio, responsável por proteger os congressistas, as ameaças mais que duplicaram desde 2017, passando de 3.939 para 9.625 em 2021.
Frequentemente ao lado de Nancy Pelosi em eventos formais em Washington, Paul Pelosi é um investidor de sucesso que permanece grande parte do tempo na Costa Oeste. O casal tem cinco filhos adultos e vários netos.