Estadual Preso Inocente
Preso comprova inocência com ajuda de tatuagens e cartão-ponto, mas segue preso: ‘Desumano’, diz defesa
O auxiliar de manutenção está recluso desde segunda-feira (6), suspeito de participar de um assalto a uma loja na manhã de 31 de janeiro deste ano.
09/09/2022 19h22
Por: Redação Fonte: Banda B

Um auxiliar de manutenção de uma grande empresa de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), preso injustamente por policiais da Delegacia de Polícia Civil do município, permanece na cadeia mesmo depois da apresentação de provas em seu favor. Ele está recluso desde terça-feira (6), suspeito de participar de um assalto a uma loja na manhã de 31 de janeiro deste ano.

Os dois lados do pescoço do trabalhador têm tatuagens.
Fotos: Arquivo pessoal.
Rapazes flagrados pela câmera de segurança, sem tatuagens. Foto: Reprodução.

A defesa do rapaz conseguiu comprovações de que ele estava trabalhando no momento em que ocorreu o crime, com apresentação de documentos, como cartão-ponto e declaração do supervisor dele no setor onde atua na empresa. O rapaz, porém, ainda seguia atrás das grades até o meio-dia desta sexta-feira (9).

 

“É uma coisa totalmente absurda, desumana. Uma aberração. É lamentável. Apresentamos a defesa dele no processo, mas até agora não conseguimos soltar ele por causa do feriado e estão fazendo pouco caso pra tirar ele de lá, mesmo com todas as provas que apresentamos”,

afirma a advogada de defesa do rapaz, Patrícia Mesquita.

Ela conta que o cliente foi preso no dia em que iria ao escritório da advogada, por conta da intimação depois de ser reconhecido por uma das vítimas.

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“Prenderam baseados em um reconhecimento totalmente suspeito. Tanto é que, no depoimento da moça, ela disse que os meliantes não tinham tatuagem. Depois, ela reconheceu no Facebook uma pessoa que tinha tatuagem.”

Patrícia buscou documentos que pudessem comprovar a inocência do rapaz, como cartão-ponto e uma declaração do supervisor dele na empresa, afirmando que ele trabalhava no dia e horário do assalto.

A reportagem da Banda B teve acesso aos documentos. A folha de ponto do rapaz indica que ele entrou no trabalho às 7h09 do dia 31 de janeiro e saiu às 18h32. O assalto foi perto das 9h30. Patrícia também apresentou imagens de uma câmera de segurança da loja, que mostram o momento do crime.

Nelas, dois jovens, de boné e máscaras sobre a boca e o nariz, entram armados, dão voz de assalto e rendem dois funcionários. O que chama a atenção é que o trabalhador tem duas tatuagens bastante visíveis, uma de cada lado do pescoço. Os assaltantes não, reclama a advogada. (Assista abaixo)

“O Alan é inocente, ele não tem nada a ver com essa acusação. Consegui as filmagens da loja em que aconteceu esse roubo. Os dois rapazes que aparecem, nenhum deles tem tatuagem no pescoço. Dá pra ver nitidamente o pescoço dos rapazes. E o Alan tem tatuagem nos dois lados do pescoço”,

afirma.

A advogada relata ainda que uma situação suspeita, segundo ela, ocorreu após o crime. “Estranhamente, no dia do roubo entrou um cliente, aparentemente sem identificação, e perguntou para a moça: ‘Por acaso não é essa pessoa?’, e mostrou a foto do Alan no Facebook. Esse cara não tem identificação no processo e estamos buscando descobrir a identidade dessa pessoa. E a moça, gratuitamente, disse que foi ele. E o homem disse: ‘Esse cara é um criminoso conhecido na região, que vende celulares de origem suspeita.”

 

De acordo com a advogada Patrícia, o promotor sinalizou que vai soltar o trabalhador, mas ainda não tem uma previsão de quando será. “Por causa do feriado, disse que estão com pouca equipe e não conseguiria. Hoje [sexta, 9] eles devem se manifestar sobre o processo.”