A estatal russa de energia Gazprom anunciou nesta sexta-feira (02/09) que o gasoduto Nord Stream 1, que liga a Rússia à Alemanha, vai parar "completamente" e por tempo indeterminado de fornecer gás para a Europa, devido à reparação de uma turbina, após ter estado inativo durante três dias para manutenção.
Em comunicado, a Gazprom indicou ter descoberto "fugas de óleo" na turbina durante a operação de manutenção e que, até o seu conserto, o fornecimento de gás estará "completamente suspenso". Após três dias de reparos, a Rússia deveria retomar neste sábado o envio de gás através do duto.
O Kremlin já havia indicado que o funcionamento do Nord Stream 1 estava "ameaçado" pela escassez de peças para reposição devido às sanções impostas a Moscou pelos países ocidentais em retaliação à guerra na Ucrânia.
No contexto de guerra na Ucrânia, a energia tem estado no centro de um braço-de-ferro entre Moscou e os países ocidentais, que acusam a Rússia de utilizar o gás "como uma arma".
Segundo a Gazprom, o vazamento foi descoberto durante um trabalho de manutenção realizado em conjunto com especialistas da Siemens Energy na estação de compressão de Protovaya. O óleo vazado foi encontrado em vários lugares e, segundo a estatal, não é possível garantir uma operação segura.
A Comissão Europeia questiona a justificativa. "O anúncio da Gazprom esta tarde [sexta-feira] de que fechará o Nord Stream 1 novamente sob falsos pretextos é mais uma evidência de sua falta de confiabilidade como fornecedora", escreveu um porta-voz da comissão no Twitter, acrescentando que a medida também é uma prova do "cinismo" da Rússia.
Após o anúncio da Gazprom, o Ministério Federal da Economia da Alemanha enfatizou que o fornecimento de gás no país está garantido. "A situação no mercado de gás é tensa, mas a segurança do abastecimento está garantida", disse uma porta-voz.
Segundo ela, a Rússia tem mostrado repetidamente não ser confiável e, portanto, a Alemanha buscou formas de fortalecer sua independência das importações de energia russas. "Como resultado, estamos agora muito melhor preparados do que estávamos há alguns meses".
Os tanques de armazenamento de gás na Alemanha estão 84,3% cheios. Portanto, a meta de armazenamento de outubro, de 85%, deve ser alcançada já nos primeiros dias de setembro. A Alemanha agora recebe a maior parte do gás natural da Noruega, Holanda e Bélgica.
Em julho, a Gazprom já havia interrompido por dez dias o fornecimento de gás para a Alemanha. Na época, a empresa também atribuiu a medida a trabalhos de manutenção.
Nas últimas semanas, a Gazprom vinha enviando diariamente cerca de 33 milhões de metros cúbicos de gás para a Alemanha via Nord Stream 1, o correspondente a 20% da capacidade máxima do duto. A razão informada pela Rússia para a redução do fluxo foi a manutenção de uma turbina da Siemens, que segundo Moscou não pode ser entregue à Rússia por causa das sanções ocidentais, o que Berlim refuta.
Na noite de terça-feira, a Gazprom interrompeu completamente as entregas ao grupo francês Engie. A razão, segundo a companhia russa, seriam pagamentos pendentes. Depois que sanções foram impostas à Rússia, Moscou também cortou completamente o fornecimento para a Bulgária, Dinamarca, Finlândia, Holanda e Polônia e reduziu os fluxos através de outros dutos.