A cimeira vai abordar, entre outros assuntos, questões políticas e da paz e segurança, económicas e sociais.
Um dos principais desafios da organização sub-regional está ligado à violência armada na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, onde forças dos países-membros da organização têm estado, desde 2021, a apoiar o exército moçambicano no combate contra uma insurgência armada que começou em 2017.
Embora a cimeira esteja subordinada ao lema da “Promoção da Industrialização”, entre os principais pontos de agenda, destaca-se a “apreciação e consideração” do relatório abrangente da Missão Militar da SADC (SAMIM, sigla em inglês), que tem estado a apoiar as forças moçambicanas no combate contra rebeldes no norte do país, bem como os prazos da sua permanência no país.
No mês passado, a SADC decidiu prorrogar provisoriamente a sua missão militar em Cabo Delgado além de 15 de Julho durante uma cimeira extraordinária da “troika” dos chefes de Estado e de Governo da organização.
Na ocasião, ficou decidido que o alargamento provisório do destacamento das tropas da África Austral duraria até à “apreciação e consideração do relatório abrangente da SAMIM pela cimeira ordinária dos chefes de Estado e de Governo da SADC, agendada para 17 e 18 de Agosto de 2022, na República Democrática do Congo”.
A SADC assinalou que o destacamento da força alcançou conquistas e marcos significativos no combate ao terrorismo.
A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
De acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), há cerca de 800 mil deslocados internos devido ao conflito e de 4.000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.
Desde Julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Rwanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio.
Outro tema que deverá ser abordado durante a cimeira é a mediação de Angola da tensão entre o Rwanda e a RDCongo, que cresceu exponencialmente nos últimos meses, com o reinício em Março dos combates entre o exército e o movimento rebelde 23 de Março (M23), que, segundo Kinshasa, é apoiado pelo país vizinho, uma acusação negada por Kigali.
No mês passado, o Presidente de Angola, João Lourenço, informou o seu homólogo sul-africano, Cyril Ramaphosa, sobre o processo de mediação de normalização das relações entre a RDCongo e o Rwanda.
Durante a cimeira, de dois dias, o chefe de Estado do Malawi, Lazarus Chakwera, vai simbolicamente passar a presidência da SADC para Félix Tshisekedi, Presidente da República Democrática do Congo.
Integram a SADC, além dos lusófonos Angola e Moçambique, também Botswana, Comores, RDCongo, Essuatíni, Lesotho, Madagáscar, Malawi, Namíbia, Seicheles, África do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe. Lusa/Angop