O Ministério das Relações Exteriores da Rússia informou aos EUA nesta segunda-feira (8) que estava se retirando temporariamente das atividades de inspeção sob o Novo Start.
Embora a medida
esteja prevista no protocolo do Novo Start, conforme explicou o MRE russo, Moscou entende que foi "forçada a
recorrer a essa medida como resultado do
desejo persistente de Washington de obter implicitamente um reinício das atividades de inspeção em termos que não levam em conta as realidades existentes".
Para a Rússia, Washington quer "
criar vantagens unilaterais para os Estados Unidos e, na verdade, privar a Federação da Rússia do
direito de realizar inspeções no território dos EUA", diz o documento.
Moscou levantou a questão com os Estados Unidos de que as sanções antirrussas violaram a paridade nas inspeções sob o Novo Start, mas não recebeu resposta, disse o comunicado.
"Como resultado das medidas restritivas unilaterais contra a Rússia, tomadas por iniciativa de Washington, o tráfego aéreo regular entre a Rússia e os Estados Unidos foi interrompido, e o espaço aéreo de Estados que são aliados e parceiros dos Estados Unidos foi fechado para aeronaves russas que transportam equipes de inspeção", disse o ministério.
Moscou também observou que "não há obstáculos semelhantes à chegada de inspetores dos EUA à Rússia".
O comunicado ainda enfatizou que, depois que todos os problemas relacionados às inspeções sob o Novo Start forem resolvidos, a Rússia cancelará imediatamente a decisão de suspendê-las.
"As medidas tomadas por Moscou nas inspeções sob o Novo Start são temporárias, e a Rússia está totalmente comprometida em cumprir todas as disposições do tratado", disse o ministério, ressaltando que Moscou apreciou muito o papel único do tratado em "garantir a transparência e a previsibilidade necessárias nas relações entre a Rússia e os Estados Unidos na esfera nuclear e de mísseis criticamente importante".
O tratado Start
Em janeiro de 2021, Rússia e EUA chegaram a um acordo para prorrogar o acordo Novo Start. No mês seguinte, o documento, que prevê a redução de armas nucleares, foi assinado e entrou em vigor. Esse foi o primeiro grande acordo entre a Rússia e o presidente norte-americano, Joe Biden.
O
Novo Start é o único mecanismo de controle de armas nucleares firmado entre os EUA e a Rússia. O documento foi prorrogado por cinco anos, até 2026,
no início da administração de Joe Biden.
A Rússia e os EUA começaram negociações sobre as condições de um futuro tratado de limitação de armas nucleares, mas o diálogo foi interrompido após o início da operação militar especial russa na Ucrânia.
O acordo atual prevê que cada lado vai reduzir seus
arsenais nucleares de tal maneira que em sete anos, e no futuro,
o número total de armamento não ultrapasse 700 mísseis balísticos intercontinentais (ICBM, na sigla em inglês), 1.550 ogivas e 800 sistemas de propulsão implantados e não implantados.
Em maio de 2021, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirmou que os EUA possuem 101 armas estratégicas a mais do que o permitido pelo tratado Novo Start. De acordo com os dados, os EUA possuem 651 ICBMs e mísseis balísticos lançados de submarinos e bombardeiros pesados, enquanto os russos possuem 517.
Além disso, a Rússia tem 1.456 ogivas implantadas em mísseis balísticos intercontinentais, em mísseis balísticos lançados por submarinos e em bombardeiros pesados, enquanto os EUA possuem 1.357.
De acordo com o MRE russo, os EUA excederam em 101 unidades os limites impostos pelo acordo Novo Start por não contabilizarem parte de seus lançadores e bombardeiros pesados.