Meio Ambiente Aquecimento Global
Por que é verdade que as mudanças climáticas existem
Muitos ainda duvidam que o aquecimento global seja real ou não creem que ele seja produzido pela ação humana. O que dizem as pesquisas científicas? A DW mostra algumas respostas baseadas em fatos.
17/07/2022 11h24
Por: Redação Fonte: https://www.dw.com/pt-br/por-que-%C3%A9-verdade-que-as-mudan%C3%A7as-clim%C3%A1ticas-existem/a-62491798

Uma seca severa em Monterrey, uma catástrofe causada por uma ruptura da geleira no pico Marmolada na Itália, uma onda de calor iminente em grande parte da Europa. Estes são apenas alguns dos exemplos recentes de acumulação de fenômenos naturais extremos, que os ambientalistas consideram evidência óbvia de que o planeta está se aquecendo rapidamente.

No entanto, ao redor do mundo ainda existe quem questione que o clima esteja mudando. Numa sondagem realizada em 2022 na Alemanha pelo instituto de pesquisas YouGov, 5% dos 2.059 participantes disseram não acreditar no aquecimento global.

Nos Estados Unidos, de acordo com um estudo do mesmo YouGov de junho de 2022, com 1.487 entrevistados, 9% não acreditam e 23% não têm certeza. A pesquisa registra um crescimento do número de céticos do clima nos EUA: em julho de 2021, apenas 6% dos 1.496 entrevistados não acreditavam nas mudanças climáticas, 15% não tinham certeza.

Segundo o psicólogo cognitivo Klaus Oberauer, da Universidade de Zurique, acreditar ou não no aquecimento global não depende do nível de educação. Ele descreve a negação da mudança climática como uma "estratégia política refinada", em que uma questão científica é definida como uma questão de visão de mundo ligada à identificação a uma determinada orientação política.

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Ele afirma, entretanto, que a questão de saber se a mudança climática existe ou não não é uma questão de sentimento ou visão de mundo, mas de fatos.

As mudanças climáticas são comprovadas cientificamente?

Sim, o aquecimento global e as mudanças climáticas são cientificamente comprovados há décadas. Pesquisadores descobriram que o fenômeno começou há mais de 180 anos, no início da Revolução Industrial.

Num relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), cientistas de 195 países escrevem que há evidências crescentes de fenômenos climáticos extremos, como ondas de calor, chuvas fortes, secas e ciclones tropicais e, em particular, de sua relação com a influência humana.

Para seus relatórios climáticos, os especialistas analisam dezenas de milhares de estudos. Já em 1995, o painel concluía: "As evidências sugerem que há uma clara influência humana no clima global."

O Consórcio Climático Alemão (DKK) também explica que todas as partes do sistema climático, ou seja, oceanos, gelo, terra, atmosfera e biosfera, se aqueceram significativamente nas últimas décadas – e o ar na superfície da Terra já está mais de 1ºC mais quente, na média global, do que na era pré-industrial.

Segundo especialistas, o objetivo deve ser limitar o aquecimento global a 1,5ºC até 2100. Caso contrário, as consequências das alterações climáticas vão se tornar cada vez mais prejudiciais para todo o planeta, o nível do mar poderá continuar a subir, e as condições meteorológicas se tornarão cada vez mais extremas.

Segundo Claas Teichmann, cientista do Climate Service Center Germany, isso quer dizer que muitas regiões apresentarão no verão um aumento de temperatura de alguns graus, já que o aquecimento de 1,5ºC almejado é considerado como uma média global de aquecimento.

As mudanças climáticas são causadas pelo homem?

Centenas de instituições de pesquisa de todo o mundo concordam que a mudança climática é causada pelos seres humanos. Num estudo americano, concluiu-se que mais de 99% dos 88.125 relatórios climáticos analisados concordavam que as mudanças climáticas são causadas pelos humanos.

Modelos são usados para simular como o clima teria se desenvolvido sem influências antropogênicas, e como ele se desenvolveu de fato. Além disso, a Nasa publicou um estudo em 2021 no qual pesquisadores provaram, por meio de observações de satélite da radiação terrestre, que a mudança climática não é natural, mas sim provocada pelo homem.

Se, por exemplo, combustíveis fósseis como carvão, petróleo ou gás natural são queimados, é liberado dióxido de carbono, gás que contribui para o efeito estufa. Juntamente com outros gases-estufa, ele bloqueia a radiação de calor, fazendo com que a Terra aqueça. "Em 2020, a concentração média anual de CO2 foi quase 50% maior do que antes do início da industrialização", registra o site do DKK.

Em 12 de julho de 2022, o valor médio global do CO2 atmosférico era de 417 ppm (partes por milhão). A última vez que houve tanto CO2 na atmosfera foi há vários milhões de anos, quando os humanos modernos ainda não existiam e o nível do mar era, em média, 30 metros mais alto. Na época, de acordo com os pesquisadores, o planeta era muito mais quente no geral e havia menos gelo.