Cidades Prisão em massa
França relembra prisão em massa de judeus em julho de 1942
Presidente Emmanuel Macron participa de evento em memória do 80º aniversário da prisão em massa de judeus em Paris, que à época contou com cumplicidade de autoridades francesas.
17/07/2022 11h19
Por: Redação Fonte: https://www.dw.com/pt-br/fran%C3%A7a-relembra-pris%C3%A3o-e-deporta%C3%A7%C3%A3o-de-judeus-em-julho-de-1942/a-62502544

A França relembra neste domingo (17/07) o 80º aniversário de um dos episódios mais vergonhosos da sua história recente: a cumplicidade de autoridades e forças policiais do país na infame prisão em massa de judeus durante o Holocausto, no episódio conhecido como "batida do Vel d'Hiv".

Entre 16 e 17 de julho, durante a ocupação nazista, a polícia francesa prendeu 13.152 pessoas, incluindo 4.115 crianças, que foram enviadas primeiro para o velódromo de inverno de Paris, uma pista de ciclismo coberta. Foi a maior operação desse tipo na Europa Ocidental. Os presos acabaram sendo deportados para o campo nazista de Auschwitz. Apenas algumas dezenas sobreviveram.

Desta vez, local escolhido para relembrar o episódio infame, no entanto, foi a antiga estação ferroviária que foi usada pela Alemanha nazista para deportar uma parte dos prisioneiros para a Polônia ocupada.

Neste domingo, Macron se juntará a alguns dos poucos sobreviventes que passaram pela estação de Pithiviers, 100 quilômetros ao sul de Paris.

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A estação não atende passageiros desde o final da década de 1960 e foi convertida em um memorial, que foi inaugurado no início deste mês.

O gabinete de Macron disse que o presidente fará um discurso que deve abordar a ameaça duradoura de antissemitismo, que "ainda se esconde e às vezes de maneira insidiosa".

Uma autoridade disse que o presidente também pretende "revisionismo histórico", particularmente quando se trata do papel do antigo líder da França Philippe Pétain, que colaborou com o regime nazista.

Além de Macron, devem participar da cerimônia o conhecido caçador de nazistas Serge Klarsfeld, cujo pai foi um dos deportados para Auschwitz, a sobrevivente do campo Ginette Kolinka e o chefe da rede ferroviária da França, Jean-Pierre Farandou.

Alguns dos 13.000 judeus presos em Paris e seus subúrbios por oficiais franceses por ordem dos ocupantes nazistas passaram pela estação de Pithiviers. Destes, 4.115 eram crianças.

O episódio ficou conhecido como a "batida do Vel d'Hiv" porque a polícia francesa levou a maioria das vítimas judias - 8.160 pessoas, incluindo idosos e doentes - para uma pista de ciclismo no 15º arrondissement de Paris, o Velodrome d'Hiver.

Os prisioneiros foram mantidos lá em condições extremas, quase sem comida e água e sem instalações sanitárias, durante o auge do verão europeu.

Eles foram levados de lá para campos em Pithiviers e outros locais antes de serem finalmente transferidos para campos de concentração nazistas em vagões ferroviários de gado. Apenas algumas dezenas voltaram para França ao final da guerra.

Em 1995, o então presidente francês Jacques Chirac pediu perdão pela cumplicidade de policiais e funcionários públicos franceses na operação. Em 2017, Macron, ao lado do então premiê israelense Benyamin Netanyahu, admitiu especificamente a responsabilidade do Estado francês no episódio. Na ocasião, Macron sublinhou que as prisões tinham sido da inteira responsabilidade do então governo colaboracionista de Vichy.