Um debate que deve se estender para várias instâncias da sociedade, visando ao bom manejo, preservação, renovação e perenidade das florestas de araucária começou a ser feito nesta sexta-feira (24), em reunião na Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná. O encontro teve também o objetivo de marcar o Dia Nacional da Araucária, comemorado nesta data.
Além de representantes da Seab e do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná), o evento contou com a participação de técnicos, professores e pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), Instituto Água e Terra (IAT), Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest).
Os técnicos falaram da importância de promover o uso econômico regulado por legislação adequada, organizar bancos de dados acessíveis e garantir o mapeamento genético. “Objetivamente precisamos fazer mais. Essa reunião pode significar uma tomada de consciência coletiva e o desenho de uma ação concreta, para aproveitar o avanço do conhecimento, com produção de resultados, mas que devolva a bela paisagem da nossa araucária”, disse o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
Na Seab, as ações nessa área são coordenadas pelo Departamento de Florestas Plantadas (Deflop), que atua com planejamento, coordenação, normatização, monitoramento, controle e avaliação das atividades relacionadas à política de florestas plantadas com finalidade socioeconômica. “A reunião foi importante para alinharmos ideias e desenvolvermos ações em conjunto com outras organizações”, disse o chefe do Departamento, Breno Menezes de Campos.
O professor e pesquisador do setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Flávio Zanetti, defendeu que as políticas públicas valorizem os estudos desenvolvidos sobre o setor florestal. “Precisamos trazer novas possibilidades e aplicá-las”, disse.
PESQUISA E EXTENSÃO- O engenheiro agrônomo Amauri Ferreira Pinto, gerente de Políticas Públicas do IDR-Paraná, destacou as iniciativas do órgão para colocar a araucária como alternativa de renda para o produtor rural, estimulando, por exemplo, a cadeia produtiva do pinhão. “Estamos trabalhando em projetos de extensão rural que envolvem a araucária”, explicou. Em 2020, o Paraná produziu 4 mil toneladas de pinhão e essa produção gerou um rendimento (Valor Bruto de Produção) de R$ 16 milhões, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral).
AÇÕES- A área total do Estado coberta por remanescente de Floresta Ombrófila Mista (composta por coníferas e folhosas) é de 1.805.565,38 hectares, segundo o IAT. Há três espécies de coníferas nativas do Brasil: Araucaria angustifolia (pinheiro-do-Paraná), Podocarpus lambertii (pinho-bravo) e Podocarpus sellowii (pinho-bravo).
Desde 2014, a árvore consta na lista em extinção como proteção integral na modalidade EN-em perigo, o que proíbe o corte para aproveitamento econômico. A Sedest e o IAT protegem a espécie conforme a Portaria nº 443/2014, do Ministério do Meio Ambiente, e pelo Programa Paraná Mais Verde. Entre 2019 e 2022, 2283.000 mudas de Araucária foram distribuídas no Estado, e atualmente a Sedest produz 120 mil mudas ao ano em 12 Viveiros Regionais de ocorrência dessa espécie.