Extradição de Assange é um sinal para todos os jornalistas que expõem crimes dos EUA
A ministra do Interior britânica, Priti Patel, assinou nesta sexta-feira (17) a ordem de extradição do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, o qual enfrenta nos EUA 18 acusações que podem resultar em uma sentença máxima de 175 anos de reclusão.
"A decisão do Ministério do Interior do Reino Unido de aprovar a extradição do jornalista Julian Assange é profundamente devastadora", lamentou Taylor Hudak, jornalista e editora da mídia independente AcTVism Munich.
"O mundo ocidental está enviando uma mensagem a todos os jornalistas e editores de que, se publicarem informações de interesse público que envergonhem o império dos EUA e exponham seus crimes, podem ser presos em uma instituição de segurança máxima", acrescentou.
O Ministério do Interior acrescentou que os tribunais britânicos "não consideram que seria opressivo, injusto ou um abuso processual extraditar o sr. Assange".
"É terrível que a ministra do Interior aprove a extradição de um jornalista e editor premiado, Julian Assange, para o país que planejou assassiná-lo", afirmou Hudak referindo-se a revelação da Yahoo News em 2021 de um suposto plano da CIA de sequestrar ou matar Assange em 2017.
"Só por este fato, é inconcebível que o sr. Assange seja tratado de forma justa nos EUA. É claro que a sua vida estará em grande perigo", disse a jornalista.
Hudak observa que, se for extraditado para os EUA, é improvável que Assange tenha um julgamento justo. Ela destaca que nem a imprensa nem o público teriam acesso para acompanhar e analisar o processo judicial. Na sequência desta decisão, o fundador do WikiLeaks pode apresentar recurso no Supremo Tribunal de Londres, que deve conceder autorização para prosseguir ou levar o caso ao Supremo Tribunal do Reino Unido. No entanto, se o pedido for rejeitado, Assange deve ser extraditado para os EUA no prazo de 28 dias.