Promovidos, a título póstumo, aos graus de tenente-general, brigadeiro e capitão das Forças Armadas Angolanas (FAA), as quatro vítimas dos conflitos políticos foram enterrados com honras militares.
A anteceder o ato, o ministro-chefe da Casa Militar do Presidente da República, Francisco Furtado, rendeu homenagem, no Quartel-General do Exército (Ex-RI20), na presença de familiares das vítimas, de membros da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP), da Fundação 27 de Maio, de igrejas e da sociedade civil.
Francisco Furtado transmitiu sentimentos de pesar às famílias das vítimas, gesto seguido pelo Coordenador da CIVICOP e ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, titulares dos órgãos de soberania, altas patentes das FAA e da Polícia Nacional, deputados, representantes de partidos políticos com assento parlamentar, da Fundação 27 de Maio, entre outros.
O chefe da Direção Principal de Educação Patriótica das Forças Armadas Angolanas (FAA), tenente-general António de Jesus Fernandes, a quem coube proceder a leitura do elogio fúnebre coletivo, destacou as qualidades militares das quatro vítimas dos conflitos políticos.
Considerou um facto excepcional e eloquente “em que se situa a grandeza significativa para a reconciliação nacional, do perdão e pacificação de espíritos, sublimado no pedido de desculpa público feito em nome do Estado angolano pelo Presidente da República e Comandante-em-Chefe das FAA, João Lourenço, às vítimas dos conflitos políticos e aos angolanos em geral, a 26 de Maio de 2021”.
“Quis o destino que hoje, segunda-feira, e após 45 anos, viéssemos neste histórico Quartel-General do Exército para prestar a derradeira homenagem a estes filhos de Angola, falecidos por ocasião dos acontecimentos do 27 de Maio de 1977”, exprimiu,
O presidente da Fundação 27 de Maio, Silva Mateus, ressaltou o empenho do Presidente João Lourenço neste processo, que teve um desfecho reconciliador, notando que está em estudo a construção de um memorial para as vítimas dos acontecimentos do 27 de Maio.
Os familiares das vítimas exaltaram a suas qualidades, considerando-os como “grandes chefes de famílias, comandantes destemidos e diplomatas de bons ofícios”. Alves Bernardo Baptista “Nito Alves”, nascido a 23 de Julho de 1945 na aldeia do Piri, no Bengo, foi ministro da Administração Interna da República Popular de Angola. Foi igualmente obreiro da Lei do Poder Popular e pertenceu à primeira região político-militar do MPLA (Dembos).
Por outro lado, Jacob João Caetano “Monstro Imortal”, nascido em 1941, também na aldeia do Piri, no Bengo, foi dos primeiros militantes do MPLA enviados a um país do Leste (antiga Checoslováquia), onde recebeu instrução militar.
Seu nome “Monstro Imortal” resulta do seu papel decisivo em várias batalhas ou conflitos no período de 1963 a 1970. Chegou a ser Chefe do Estado-Maior General das ex FAPLA.
Já Ilídio Ramalhete, nascido a 14 de Abril de 1954, no Rangel (Luanda), foi um oficial operativo. Faleceu nos acontecimentos de 27 de Maio com 23 anos de idade.
Criada por Decreto Presidencial, em Abril de 2019, a Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP), tem por missão elaborar um plano geral de homenagem às vítimas dos conflitos políticos ocorridos em Angola, no período de 11 de Novembro de 1975 a 4 de Abril de 2002.
A CIVICOP é presidida pelo ministro da Justiça e dos Direitos Humanas, Francisco Queiroz, e integra representantes de vários departamentos ministeriais, como o da Defesa, Interior, Saúde, Telecomunicações Tecnologias de Informação e Comunicação Social.