Brasil Crise
Sem dinheiro para carne, aposentada compra só ovos
Antes, a gente conseguia se alimentar melhor, até vestir um pouco melhor. Hoje em dia, a gente não consegue nem uma coisa nem outra
28/05/2022 14h01
Por: Redação

Aos 64 anos, a aposentada Jacira Eloá fica assustada a cada vez que vai ao supermercado ou à feira. O dinheiro não dá para comprar as mesmas coisas de dez anos atrás. Em vez de carne e frango com frequência, a proteína principal é ovo. “Compro aquele de 30 ovos por R$ 18”, contou, constatando o que todos os demais trabalhadores, na ativa ou não, já sabem: o Brasil piorou, e muito, nos últimos anos.

“O custo de vida ficou cada vez pior, principalmente para nós da periferia. Antes, a gente conseguia se alimentar melhor, até vestir um pouco melhor. Hoje em dia, a gente não consegue nem uma coisa nem outra. Você vai na xepa e traz só uma sacolinha que não dá nem para a semana”, diz a moradora de Diadema, que veio a São Paulo participar hoje, 27, do ato Movimentos populares com Lula.

Jacira teve a maior parte da vida profissional como telefonista concursada da prefeitura de Diadema. Na ativa, o salário dela era em torno de 3,5 mínimos. A aposentadoria hoje não chega a dois salários. Ela relata as dificuldades pessoais, conta por exemplo que, para cozinhar o almoço desta sexta, precisou pegar um pouco de óleo emprestado com a vizinhança solidária, mas se preocupa mais com quem tem menos ou não tem nada. “Se para a gente já é difícil, imagina para quem não tem nada”.

A esperança dela é que o Brasil mude e que os jovens, como a filha de 24 anos que estuda comunicação com bolsa de estudo parcial, tenham oportunidades para inserção no mercado de trabalho.

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Paloma Ferraz, de 20 anos, do Movimento de Mulheres, não viveu os governos Lula, mas disse saber, pelo relato dos pais, que a vida naqueles tempos era mais fácil. “Por mais que a gente passasse dificuldades, era mais fácil comprar roupa e comida. O acesso à educação também era mais fácil.