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Legado de Faxinal das Artes segue relevante vinte anos depois

Faxinal das Artes está completando 20 anos. A residência artística aconteceu no distrito de Faxinal do Céu, a vila dos funcionários que construíram...

26/05/2022 às 14h55
Por: Redação Fonte: Secom Paraná
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Foto: José Gomercindo/Arquivo AEN
Foto: José Gomercindo/Arquivo AEN

Faxinal das Artes está completando 20 anos. A residência artística aconteceu no distrito de Faxinal do Céu, a vila dos funcionários que construíram a Hidrelétrica de Foz do Areia, da Copel, a 340 quilômetros de Curitiba, no município de Pinhão. O festival que ajudou a pensar a arte paranaense e brasileira durou duas semanas e ainda ecoa.

A disponibilidade de chalés, refeitórios e auditórios tornou o lugar um espaço ideal para acolher 100 artistas. A ideia foi criar uma integração artística inédita no Brasil, além de valorizar as artes plásticas. A execução foi ambiciosa: 100 pessoas, em 15 dias de imersão, com palestras, shows e discussões diárias, fora a logística de materiais, alimentação e transporte.

O evento reuniu 30 artistas paranaenses e 70 de outros locais, entre homens e mulheres, em diferentes estágios da carreira. As peças produzidas acabaram indo para o Museu de Arte Contemporânea (MAC). A ideia era ser o mais plural possível para fomentar a troca de ideias.

“A ideia de residências artísticas estava no ar. Talvez fosse uma coisa de fim de milênio, estar debaixo da abóbada celeste, provar do coletivo. Falava-se no desafio do ‘viver junto’. Existia a ideia, no início dos anos 2000, de que estávamos inaugurando um milênio, e ela tinha nas artes visuais – sempre um enigma a ser desvendado – um processo civilizatório”, conta o jornalista José Carlos Fernandes, à época editor do Caderno G, suplemento cultural daGazeta do Povo.

Segundo ele, Faxinal das Artes foi um acontecimento de sentido figurado, amplo, metafórico e simbólico. As carreiras, inclinações estéticas e afetos de muitos daqueles 100 artistas foram profundamente modificadas ao longo da residência. O encontro reuniu pessoas como Alfi Vivern, Cao Guimarães, Debora Santiago, Didonet Thomaz, Dulce Osinski, Edilson Viriato, Guita Soifer, José Bechara e Rogério Gomes.

“A gente olha agora, 20 anos depois, e consegue entender o quanto isso foi importante para a carreira dos artistas paranaenses”, conta Jhon Erik Voese, pesquisador que dedicou seu mestrado ao Faxinal. “Difícil não falar do José Bechara, que já deu entrevista dizendo que os dez anos seguintes têm relação com o que ele fez em Faxinal, que é bem diferente do que ele tinha feito até então”.

“A gente tinha ali participação de artistas do Brasil inteiro. Desde o Norte, Nordeste, Centro-Oeste. Essas visões de mundo se intercambiaram nessas trocas que aconteceram no Paraná”, relembra Dulce Osinski, uma das artistas do grupo e que ali gestou seu notório "Catálogo – Brinquedo".

“O ambiente dessas discussões era muito bacana, mesmo a frequência sendo optativa. Mas todos os encontros eram muito frequentados e alguns artistas se candidatavam a falar um pouco sobre seu trabalho e depois era aberta uma discussão”, conta Dulce. “E essas discussões eram fantásticas. Eram críticas, sugestões, referências a diálogos com outras obras”.

ACONTECIMENTO – Durante o dia a programação era inteiramente dedicada à convivência entre os artistas e as noites eram reservadas a palestras de nomes como Zuenir Ventura e Helmut Batista; apresentações de bandas como Maxixe Machine; e exibição de filmes de diretores como Peter Greenaway, Bill Viola e Raquel Couto.

E não faltaram surpresas. “Um dia apareceu esse gênio Paulinho da Viola”, relembra o portenho radicado em Curitiba Alfi Vivern. “Os artistas tomavam cafezinho, almoçavam juntos. À noite a gente se encontrava, fazíamos fogueira. À medida que passavam os dias as pessoas iam tendo mais consciência daquele momento”.

Um dos atestados do sucesso foi como a própria residência foi rapidamente apropriada como tema de obras. "Muita gente documentou esse work in progress. Esse momento da práxis”, afirma Vivern. “Alguns trabalharam a partir da coleta de material dos colegas”, reforça Dulce.

Um dos legados é de Didonet Thomaz. “Foi uma pessoa importante para mapear esses documentos e a obra fala sobre isso”, comenta Jhon. Seu projeto original era desmontar um dos chalés, o que não foi permitido. A opção foi a de seguir o caminho inverso. “Não desmontei. Eu montei uma caixa como se fosse uma casa, e nessa casa tem um diário, e dentro um diário com todas as ferramentas que eu utilizei”, revela Didonet.

De acordo com José Carlos Fernandes, o evento ajudou a levar para o Interior uma ideia nova, distante das tradicionais festas ligadas à agropecuária. Para os artistas e para “as artes”, em um sentido bastante amplo, Faxinal foi uma vitória das possibilidades de diálogo entre Estado e cultura.

“Faxinal das Artes rendeu boas reportagens em cadernos de cultura – os jornalistas, afinal, foram levados ao município de Pinhão, onde fica a vila da Copel. E o que fica de legado, para além do institucional, afinal, é que faz 15 dias e 20 anos que o nome ‘Faxinal’ invoca um lugar ao qual poucos foram, mas muitos têm certeza de que estiveram lá", arremata.

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