China vai discutir com Brasil alternativas para aumentar exportação de alimentos, diz mídia
Brasil e China terão uma conversa sobre maneiras de ampliar e variar as exportações brasileiras de alimentos e outros insumos para o mercado chinês. As tratativas devem ocorrer na segunda-feira (23), em Brasília, durante reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (COSBAN).
As informações foram divulgadas pelo jornal Valor Econômico neste domingo (22), citando fontes familiarizadas com o assunto.
De acordo com a reportagem, emissários de ambos os países têm expectativa de aumentar as exportações brasileiras de milho, carne e outros produtos para o vultoso mercado chinês, em meio à atual crise alimentar global e à ameaça de desabastecimento como um reflexo do conflito na Ucrânia. Na reunião, representantes brasileiros devem solicitar mais transparência por parte de seu maior parceiro comercial quanto a suspensões de plantas autorizadas a exportar.
Para bloquear a exportação de carnes, por exemplo, a China vem usando argumentos de que frigoríficos teriam registrado casos de Covid-19, critério que não é considerado muito claro para o lado brasileiro.
Dentro dos círculos do governo brasileiro, a percepção é de que a China tem mais condições do que nações ocidentais a investir no país, prossegue o texto.
Antes da reunião da Cosban de amanhã (23), Karin Vasquez, pesquisadora da Universidade de Xangai, preparou um artigo avaliando as relações sino-brasileiras. Em sua visão, elas devem passar de "contestações ideológicas" para um olhar pragmático, independentemente da relação do Brasil com os EUA.
Entre 1995-2020, segundo análise de Vasquez, as relações entre Brasil e China se aprofundaram e se diversificaram em governos de direita e de esquerda, a partir da ampliação da rede diplomática dos dois países, o aumento do comércio bilateral e dos investimentos, além da convergência entre ambas as nações em termos de governança global.
Ainda de acordo com a pesquisadora, os comércios entre Brasil e China e Brasil e EUA cresceram em dimensão similar durante este período analisado.
Porém, ela avalia que o comércio bilateral sino-brasileiro pode reproduzir uma dependência que, historicamente, marcou as relações de comércio entre o Brasil e os Estados Unidos.
Independentemente da orientação política governamental, há interesses internos na sociedade brasileira e, também, forças concorrentes dentro do Executivo, que são mais determinantes na relação entre ambos os países, concluiu Vasquez.