“Sairemos à rua para dizer também que os opositores ainda existem”, declarou a presidente da formação conservadora, Abir Mousi, numa conferência de imprensa em que denunciou uma campanha de assédio nas redes sociais por parte de simpatizantes do Presidente da Tunísia, Kaïs Saïed, para impedir o protesto.
A marcha, explicou a responsável, partirá de Sidi Bou Saïd, aldeia turística nos arredores da capital, em direção ao palácio presidencial de Cartago, a apenas três quilómetros de distância.
Mousi classificou como “antidemocrática” a decisão do Presidente de criar uma comissão de especialistas encarregada de redigir uma nova lei fundamental, que será votada em referendo – o primeiro da história do país, agendado para 25 de julho -, considerando que os resultados são conhecidos de antemão e que será adotada independentemente da participação na consulta.
Por outro lado, a responsável do PDL rejeitou a iniciativa da oposição, liderada pelo líder de esquerda Ahmed Nejib Chebbi, para formar uma frente política contra o chefe de Estado incluindo o Ennahda, principal força partidária do agora dissolvido parlamento tunisino e o seu maior adversário político, que acusa de defender a agenda da Irmandade Muçulmana no país.
A 25 de julho do ano passado, Saïed decretou o Estado de emergência e assumiu plenos poderes para “recuperar a paz social” – uma decisão que teve amplo apoio popular, embora a maioria dos partidos a descreva como “golpe de Estado” e exija um diálogo nacional inclusivo para sair da crise.
Desde então, o Presidente dissolveu, em fevereiro deste ano, o Conselho Superior da Magistratura, em março o parlamento e, um mês depois, alterou a composição da Comissão Superior Independente das Eleições, encarregada de monitorizar os processos eleitorais desde o início da transição democrática da Tunísia, em 2011, e que deverá zelar pelo normal decurso dos próximos atos eleitorais: o referendo sobre o novo texto constitucional e as legislativas de 17 de dezembro.