Nesta quarta-feira (6), o governo do primeiro-ministro israelense Naftali Bennett perdeu a maioria parlamentar com a desfiliação inesperada de uma deputada da coalizão. Para ter maioria na Kneset – parlamento de Israel que conta com 120 cadeiras – é necessário que uma aliança tenha no mínimo 61 membros, e Idit Silman, deputada de direita que participava do partido Yamina, o mesmo do primeiro-ministro, deixou o grupo com 60 deputados, um a menos que o necessário.
A coalizão existente no governo israelense era formada por 61 deputados de diferentes posições políticas, reunindo partidos de direita, esquerda, centro e até mesmo uma inédita formação árabe. Essa configuração pôs fim a 12 anos de mandatos consecutivos do ex-primeiro-ministro e atual líder da oposição, Benjamin Netanyahu. Com a saída de Silman, uma possível nova crise política se aproxima de Israel, segundo o cientista político e presidente executivo da StandWithUs Brasil, André Lajst: “agora a coalizão atual e a oposição estão empatadas com 60 cadeiras de cada lado. Se a oposição conseguir que apenas mais um deputado a apoie, é possível que Netanyahu tente formar um governo por si próprio, ou que novas eleições legislativas sejam convocadas. Enquanto isso, o Executivo fica em uma posição delicada, com possíveis dificuldades em avançar sua agenda política ou aprovar medidas significativas”.
A saída da deputada foi supostamente motivada por um desentendimento com o ministro da Saúde, Nitzan Horowitz, nesta semana. O ministro, seguindo uma decisão da Suprema Corte, permitiu aos hospitais a distribuição de pão fermentado durante a Páscoa Judaica, em vez do tradicional pão ázimo. No entanto, analistas políticos questionam se esse foi realmente o motivo, considerando a existência prévia de tensões internas entre os partidos que formam o governo de coalizão.
Idit disse que encerrou sua participação na coalizão e tentará formar um governo de direita com seus aliados. Sua fala foi celebrada por Netanyahu, que lhe deu os parabéns pela decisão “valente” e disse que a deputada é “bem-vinda ao campo nacional” da política israelense. Apesar da incerteza, o poder executivo de Israel não corre risco iminente de colapso até então.