Agricultura Paraná
Compras públicas impulsionam produção e consumo de alimentos orgânicos no Paraná
Em 2021, o número de consumidores orgânicos no País cresceu 63%, segundo a Organis, organização especializada no setor. Com o aumento da demanda po...
06/04/2022 16h45
Por: Redação Fonte: Secom Paraná

Em 2021, o número de consumidores orgânicos no País cresceu 63%, segundo a Organis, organização especializada no setor. Com o aumento da demanda por esses alimentos, o desafio da comercialização se intensificou, pois as feiras e as vendas por encomenda nem sempre são suficientes para escoar a produção. No Paraná, as compras públicas executadas pelo governo estadual são fundamentais para ajudar a fechar essa conta.

Programas como o Compra Direta Paraná , da Secretaria estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), ajudam a garantir renda para produtores de orgânicos no Estado. Por meio dele, associações e cooperativas cadastradas por edital entregam a produção a entidades socioassistenciais, como asilos, hospitais, creches, restaurantes populares, cozinhas comunitárias, Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas).

O governo faz o pagamento pela produção entregue. Embora o edital aceite inscrições da agricultura convencional, a produção orgânica é melhor remunerada, uma das formas que o Estado utiliza para estimular a prática agroecológica. Estudos do Departamento de Economia Rural (Deral) mostram que os alimentos orgânicos são, em média, 30% mais caros do que os convencionais nas feiras do Paraná.

“O Estado usa esse dado como base para remunerar o produtor orgânico de maneira justa no Compra Direta Paraná, já que seus custos de produção são superiores aos da convencional, principalmente devido à mão de obra”, explica a chefe do Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional (Desan), da Seab, Márcia Stolarski. Das 147 cooperativas e associações atendidas pelo programa, 66 entregam orgânicos, na totalidade ou em parte, com participação direta de 1.238 agricultores.

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Na outra ponta, os preços elevados dos orgânicos também representam uma restrição para alguns consumidores. Nesse aspecto, o programa ajuda a promover acesso à alimentação saudável a pessoas em situação de vulnerabilidade, que não teriam condições de comprar.

“Essas ações seguem uma tendência mundial pela busca da segurança alimentar, o que inclui a alimentação orgânica. Nosso Plano Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional também prioriza ações que incentivem a produção orgânica e agroecológica da agricultura familiar”, afirma o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.

HISTÓRIA– O Compra Direta Paraná foi criado em 2020 como medida emergencial na pandemia para garantir a comercialização para pequenos produtores e, ao mesmo tempo, alimentação adequada para a população vulnerável. A partir de 2021, passou a ser um instrumento de política pública.  Por meio de edital de chamada pública, cooperativas de pequenos produtores e associações da agricultura familiar são contratadas para fornecer alimentos frescos diretamente à rede socioassistencial.

OUTROS CASOS– O Compra Direta integra e reforça uma rede de iniciativas de compras governamentais que ajudam os produtores a ter renda garantida. Programas federais executados pelo Governo do Paraná, como o Programa Alimenta Brasil (antigo Programa de Aquisição de Alimentos - PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) são exemplos desse apoio, e também dão prioridade e pontuação diferenciada aos orgânicos. Em 2021 o Programa Alimenta Brasil, por exemplo, foi executado em 65 municípios e beneficiou 963 agricultores.

O Paraná vive ainda o desafio de incluir alimentação exclusivamente orgânica nas escolas até 2030, o que tem exigido esforço de todo o Sistema Estadual da Agricultura – Seab e suas vinculadas – para ampliar o estímulo a esse tipo de produção, incluindo o acréscimo de até 30% para as culturas agroecológicas ou orgânicas, em relação aos preços estabelecidos para produtos convencionais.

No caso dos produtores em processo de transição, o preço pode ser 10% maior. Isso reflete, ainda, em benefícios à saúde dos próprios agricultores pela não exposição a agroquímicos, e a consequente melhoria do meio ambiente.

APOIO– A Associação de Produtores Orgânicos da Região de Londrina (Apol), que reúne 54 produtores de hortifrúti em Uraí, é uma das beneficiadas pelo Compra Direta. Para ela, que já participa de programas federais e vende para São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis e o Estado do Rio Grande do Sul, o Compra Direta complementa os canais de comercialização. Os alimentos são consumidos em hospitais, Cras, abrigos para crianças, associações de apoio para dependentes químicos, cooperativas de recicladores, entre outros.

Segundo o coordenador administrativo da Associação, Valdemir José Batista, o programa foi fundamental especialmente no período da pandemia, com mercados fechados. “O preço tabelado ajuda a dar um norte para o agricultor, foi decisivo na questão da renda. Agora, neste momento mais tranquilo da pandemia, ajuda também na organização da produção, já que tem uma parte da venda garantida”, afirma.