Traduzido por Julio Batista
Original de Laura Geggel para a Live Science
A equipe inesperadamente encontrou a pedra esculpida de 1,7 metros de comprimento enquanto fazia um levantamento geofísico em Aberlemno, uma vila com raízes pictas. A pedra tem várias formas geométricas mostrando símbolos pictos abstratos, como ovais triplos, um pente e espelho, uma lua crescente e discos duplos. Alguns dos símbolos esculpidos se sobrepõem, sugerindo que foram esculpidos em diferentes períodos de tempo, disseram os pesquisadores.
Não está claro o que todos os símbolos significam, mas o “melhor palpite é que eles são um sistema de nomenclatura representando nomes pictos”, disse Gordon Noble, líder da escavação e professor de arqueologia da Universidade de Aberdeen, à Live Science em um e-mail.
“É o achado único na vida, genuinamente”, disse James O’Driscoll, arqueólogo da Universidade de Aberdeen, na Escócia, que ajudou a escavar a pedra, em um vídeo da universidade.
Os pictos – possivelmente nomeados após a palavra latina para pintado, ou “picti” – eram pessoas de tradição guerreira que viviam nos tempos antigos e medievais em partes do que hoje é a Escócia. Eles são em parte a razão pela qual o Império Romano nunca conquistou a Escócia.
A nova descoberta é uma entre as cerca de 200 pedras conhecidas pelos arqueólogos. Outras pedras com símbolos pictos também são de Aberlemno, que é conhecida por suas pedras eretas únicas, incluindo uma placa que pode retratar cenas da Batalha de Nechtansmere, uma vitória picta sobre o reino anglo-saxão da Nortúmbria em 685 d.C.; que está ligada a criação do que se tornaria a Escócia.
A descoberta aconteceu no início de 2020, quando os arqueólogos estavam pesquisando a área como parte do projeto Comparative Kingship, uma investigação de cinco anos sobre os primeiros reinos medievais do norte da Grã-Bretanha e da Irlanda.
Enquanto movia o equipamento de imagem pela grama, a equipe notou anomalias sugerindo que os restos de um assentamento estavam no subsolo. Para saber mais, os arqueólogos cavaram um pequena buraco para ver o que estava escondido sob seus pés. Para sua surpresa, eles encontraram a pedra picta esculpida.
“Eu apenas passei minha mão e havia um símbolo”, disse Zack Hinckley, arqueólogo da Universidade de Aberdeen que participou da escavação, no vídeo. “E tivemos um surto.”
A equipe esperava escavar e estudar imediatamente a pedra, mas as medidas restritivas para combater a COVID-19 fizeram eles adiar seus planos. Finalmente, após meses de espera, eles conseguiram remover e examinar a pedra, datando as esculturas do quinto ou sexto século d.C.
É raro encontrar pedras pictas esculpidas. “Elas são ocasionalmente desenterradas por fazendeiros arando campos ou durante a construção de estradas, mas quando conseguimos analisá-las, muito do que as cerca já foi perturbado”, disse Noble em comunicado.
“Encontrar algo assim enquanto cavava um pequeno poço experimental é absolutamente notável, e nenhum de nós podia acreditar em nossa sorte”, acrescentou Noble.
Como eles encontraram a rocha intacta no solo, eles foram capazes de “examinar e datar as camadas abaixo dela e extrair informações muito mais detalhadas sem perder evidências vitais”, disse ele.
A placa foi posteriormente reaproveitada como pavimentadora em uma construção do século XI ou XII, de acordo com a datação por radiocarbono, e colocada ao lado de outras pavimentadoras, incluindo algumas com arte rupestre da Idade do Bronze.
A construção “data depois do período picto – na era do Reino de Alba, o precursor da Escócia medieval”, disse Noble à Live Science.
A pedra está agora no Laboratório de Conservação Graciela Ainsworth, em Edimburgo, onde os cientistas planejam investigar mais o artefato.