Internacional Acordo nuclear
Ameaça russa é um alerta para perigo do acordo nuclear com Irã
Irã realizou um ataque a mísseis neste fim de semana contra o consulado dos EUA no Curdistão iraquiano
15/03/2022 19h26
Por: Redação

Com o mundo em alerta após a ameaça de Putin, que colocou as forças nucleares russas em alerta máximo poucos dias depois da invasão da Ucrânia, outro ataque causou preocupação na comunidade internacional. Neste domingo, o Irã reivindicou um ataque de mísseis contra Erbil, ao norte do Curdistão iraquiano, disparados no entardecer do sábado, dia 12, que feriu dois civis.

Uma autoridade iraniana alega que o alvo era um “centro estratégico” israelense, um amplo complexo do consulado dos EUA na cidade, como forma de retaliação por um ataque israelense na Síria que matou dois membros da Guarda Revolucionária iraniana. A agência de notícias semi-oficial Tasnim citou uma fonte não identificada dizendo que o Irã disparou 10 mísseis Fateh, incluindo vários do modelo Fateh-110, que têm um alcance de cerca de 300 quilômetros.

Esse ataque recente coincide com as tensões relacionadas à tentativa de reativar o acordo internacional sobre o programa nuclear do Irã, cujas negociações foram interrompidas por exigências russas. A discussão desse assunto em Viena já dura onze meses, e o acordo tem por objetivo impedir que Teerã adquira bombas atômicas em troca do levantamento das sanções econômicas impostas pelo acordo de 2015, que sufocam a economia iraniana.

Em meio a esse cenário de incerteza, André Lajst, cientista político e presidente executivo da StandWithUs Brasil, alerta sobre o perigo das “chantagens nucleares” de Putin e a situação do Irã. “Neste momento, o holofote está na ação da Rússia e sua invasão à Ucrânia, onde Putin deu a entender que não hesitaria em usar poder nuclear para atingir seus objetivos. Mas retirar as sanções ao Irã é tão perigoso para a segurança mundial quanto a investida russa. O acordo nuclear com o Irã daria recursos para que o país investisse novamente em construir seu arsenal nuclear com a retomada do enriquecimento de urânio, por exemplo, e assim passar a ameaçar não só seus países vizinhos, mas o mundo todo. É evidente que o Irã não usaria a energia nuclear apenas para fins pacíficos. Mesmo sem o acordo firmado oficialmente ainda, o Irã mostrou com esse último ataque no sábado que está pronto para atacar outros territórios para defender seus interesses. É fundamental impedir que mais um país ditatorial, controlado por Aiatolás antiocidentais e extremistas, tenha posse de armas atômicas”, explica o especialista.

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