Na madrugada desta terça-feira (8), câmeras da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON, na sigla em inglês) e do Clima ao Vivo registraram a reentrada de um foguete Falcon 9, da SpaceX, na atmosfera da Terra. A queima do detrito espacial provocou uma grande bola de fogo e uma explosão que assustou moradores de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
Cibele Oliveira, do Paraná, comentou sobre o estrondo no canal do Clima ao Vivo no YouTube. “Deu para escutar a explosão aqui em Quitandinha, foi entre 4h30 e 4h40. Primeiro, uma explosão muito forte, seguida de outras menores! Fiquei apavorada, acordei e não consegui dormir mais”.
De acordo com o diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON, na sigla em inglês), Marcelo Zurita, colunista do Olhar Digital, o objeto era o segundo estágio do Falcon 9 lançado em 19 de dezembro do ano passado da Base da Força Espacial dos EUA em Cabo Canaveral, na Flórida, levando a órbita o Satélite Geoestacionário Turksat 5B. Trata-se de um equipamento fabricado pela Airbus Defense and Space, em Toulouse, na França, e de propriedade da operadora turca Turksat, desenvolvido para fins militares e comerciais.
Zurita, que é presidente da Associação Paraibana de Astronomia, explica que a identificação do objeto avistado nessa madrugada foi confirmada porque a trajetória e o horário dos registros são equivalentes às predições do especialista em cálculos de reentradas Joseph Remis.
Os cálculos de Remis foram divulgados pouco antes da queda do objeto. Em teoria, é possível calcular a deterioração orbital e determinar o exato momento em que o objeto iniciaria sua reentrada. No entanto, esses cálculos envolvem parâmetros que são de difícil determinação, como a rotação do foguete e o fluxo de partículas solares, que podem interferir na densidade dos gases na alta atmosfera. “Por isso, apenas quando estamos nos aproximando do momento da reentrada é que as previsões se tornam mais precisas”, explicou Zurita.
“Pelas análises iniciais, podemos garantir que esse foguete caiu no oceano, sem oferecer risco algum para a população em solo”, disse ele. “Existe um risco muito pequeno de que possa trazer algum prejuízo, causar algum dano material ou até mesmo atingir uma pessoa em solo”.
Vale lembrar que, embora a SpaceX seja conhecida pelo retorno seguro de seus foguetes, quando se trata de um segundo estágio, fazer uma reentrada segura é muito mais complicado. Segundo Zurita, isso exigiria uma quantidade de combustível muito além do que eles carregam, o que é inviável. “Então, segundos estágios geralmente acabam queimando na reentrada na atmosfera quando retornam para a Terra”.
A maioria dos lançamentos da SpaceX são para órbita baixa da Terra, o que permite que eles façam uma reentrada controlada do veículo na atmosfera. “Nesses casos, eles conseguem fazer com que o segundo estágio caia sobre locais remotos”, disse o nosso colunista. “Mas, no caso do foguete que levou o satélite Turksat 5B, ele é um satélite geoestacionário, que fica em uma órbita bem mais elevada. Em situações assim, é difícil fazer uma reentrada controlada. Então, ele perde a altitude e faz sua reentrada de maneira descontrolada, ou seja, sem que a SpaceX possa monitorar”.
Geralmente, esses objetos são quase que completamente vaporizados durante a reentrada, restando apenas algumas partes mais resistentes.
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