As fronteiras são regiões geográficas que se distinguem das demais especialmente devido ao fato de que nelas as interações internacionais são uma realidade cotidiana. Estas interações comportam fluxos de pessoas, mercadorias, recursos financeiros, culturais, entre outros, podendo ter impacto positivo ou negativo para os países, dependendo do investimento e da atuação de ambos na região. 

O conflito desencadeado entre Rússia e Ucrânia é um exemplo claro da importância da segurança fronteiriça, Mais da metade das tropas da Rússia concentradas na fronteira com a Ucrânia — calculadas, logo antes da invasão, em entre 160 e 190 mil soldados — já foram deslocadas e agora participam do ataque ao país vizinho, um aumento de 50% em relação aos soldados mobilizados na véspera, quando só um terço do contingente fora acionado, informaram autoridades de segurança americanas.  

Para o especialista em marketing e análise política, Janiel Kempers, faltou planejamento ucrâniano na defesa de sua fronteira e mostra a importância da segurança fronteiriça. “ A Rússia desde 2021 vinha direcionando soldados para as regiões de fronteira com a Ucrânia, recentemente concretizou o domínio, principalmente em pontos estratégicos, como a cidade de Kherson, ponto estratégico de comércio no Mar Negro, o que inviabiliza diversas operações ucranianas”, pontua. 

Para o mundo, uma lição: segurança fronteiriça é sim importante.

A faixa de fronteira brasileira, por exemplo, tem cerca de 2,4 milhões de metros quadrados, área pouco menor que a do menor país da América do Sul, a Argentina, que tem um território de 2,7 milhões de metros quadrados, uma área propícia para ações criminosas como narcotráfico e contrabando. 

Para Janiel Kempers, no caso do Brasil, apesar de não ter problemas com conflitos armados com países vizinhos, a falta de segurança mais efetiva nas fronteiras permite que a guerra interna, entre as forças de segurança e o crime organizado seja intensa. 

“O "efeito bumerangue" faz os ilícitos transfronteiriços entrarem em ressonância com a representação da violência urbana, que associa e reduz a área da segurança pública nas grandes metrópoles ao combate militarizado dos mercados das drogas, por exemplo. O fato é que as regiões de fronteira são um grande desafio para a estrutura de segurança pública”, afirma.