Numerosos países africanos multiplicaram esforços para ajudarem os seus cidadãos que fugiram para países vizinhos da Ucrânia, perante acusações crescentes de racismo nas fronteiras.
Três aviões fretados pelas companhias locais Max Air e Airpeace, que poderão repatriar até 1.300 pessoas, deverão partir hoje, anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
“O primeiro grupo de pessoas retiradas é esperado na Nigéria na quinta-feira”, diz o Ministério num comunicado.
“Asseguramos aos nigerianos que trabalharemos 24 sobre 24 horas para que os nossos cidadãos sejam trazidos para casa em segurança”, acrescenta a nota.
Antes da invasão russa, a Ucrânia acolhia 16.000 estudantes africanos, segundo a embaixadora ucraniana em Pretória, Liubov Abravitova.
Segundo a diplomata, muitos países africanos não têm embaixada em Kiev, mas sim em Moscovo ou em outras capitais, o que complica a situação.
Os nigerianos constituem um dos mais importantes contingentes de africanos, com mais de 8.000 emigrantes na Ucrânia, dos quais 5.600 estudantes, segundo o Governo.
Na terça-feira, um primeiro grupo de 17 estudantes ganeses foi repatriado para Acra, capital do Gana, enquanto 500 estudantes ganeses já conseguiram atravessar as fronteiras ucranianas para países vizinhos.
Os governos africanos, da África do Sul à República Democrática do Congo, estão a tentar facilitar a passagem dos seus cidadãos nas fronteiras, enviando diplomatas para o terreno.
A União Africana classificou na segunda-feira como “chocantemente racista” que cidadãos africanos sejam impedidos de fugir do conflito na Ucrânia, apelando a todos os países que respeitem a lei internacional e apoiem quem foge da guerra, independentemente da sua raça.
Cerca de 30 estudantes camaroneses que se encontravam até recentemente na cidade de Kirovograd, no centro da Ucrânia, disseram por exemplo ter sido impedidos de entrar nos comboios que saem do país.
As autoridades polacas já asseguraram que “todas as pessoas recebem um tratamento igual” na fronteira.
Cerca de 677.000 pessoas já fugiram da Ucrânia e o número de deslocados no interior do país já atinge um milhão de pessoas, segundo a ONU.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a “operação militar especial” na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.