Saúde Gordofobia
Saúde e questão social: gordofobia fomenta debate dentro e fora do BBB
Tiago Abravanel e outros participantes do Big Brother Brasil levantam a pauta de gordofobia e representatividade, e o assunto repercutiu nas redes sociais.
25/02/2022 19h48
Por: Redação

A gordofobia tem aparecido de forma frequente em debates nas redes sociais e em rodas de conversa. E não é para menos, dados mostram que o preconceito com pessoas com excesso de peso é comum na sociedade. Segundo uma pesquisa realizada pelo Mind Miners, 51% dos entrevistados disseram já terem sido alvos de gordofobia.

No Big Brother Brasil 2022, o assunto também gerou debates entre os brothers e sisters. Em uma conversa, o cantor, ator e apresentador Tiago Abravanel, abordou questões relacionadas à gordofobia e saúde presente na sociedade. 

"O problema social hoje é que as pessoas olham para alguém gordo e automaticamente falam que ela não é saudável. Temos que desconstruir isso. E não é que eu esteja incentivando a obesidade. A saúde vai além da forma física. Ainda existe uma questão muito grande em relação a isso.", afirmou.

O assunto refletiu na internet e os internautas levantaram a importância da representatividade em locais de destaque por meio de atores, cantores e modelos plus size que assim como Abravanel, trazem o assunto como pauta a ser discutido. 

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Saúde vai além da forma física? 

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, divulgada pelo IBGE em 2020, cerca de 60,3% dos brasileiros com 18 anos ou mais estavam acima do peso. Em uma das falas de Tiago na casa mais vigiada do Brasil, ele levantou a questão da saúde em pessoas com sobrepeso e foi rebatido por Lucas Bissoli, estudante de medicina e também participante do programa. 

"Só fazendo uma aspa. A questão da pessoa com sobrepeso não significa que você não é saudável. Mas é um dos três fatores de risco para várias doenças: obesidade, tabagismo e alcoolismo. Por isso tem que controlar o peso", apontou Lucas.

No mesmo momento, Abrava —  como costuma ser chamado pelos outros participantes — ressaltou que mesmo com 120 quilos ele tem todos os exames em dia e não apresenta colesterol alto e afirmou que "generalizar o sobrepeso como fator de risco é gordofobia."

De acordo com a nutricionista clínica e esportiva Rachel Duarte, esse tipo de debate costuma acontecer, pois há uma grande associação de peso à saúde devido a uma ideia padronizada do que é ser saudável. 

“A grande maioria das pessoas fazem essa assimilação por terem uma concepção padronizada de saúde, o que acaba sendo uma perspectiva, por vezes, errônea. Um indivíduo magro pode aparentemente estar saudável pelo seu aspecto físico, mas em contrapartida, ter seus exames com alterações; como colesterol, glicemia, triglicérides, aporte de vitaminas e minerais, entre outros. Ao passo que, um indivíduo com sobrepeso, pode ter todos esses parâmetros na normalidade. Devemos analisar um todo do indivíduo e não somente seu biotipo como parâmetro.” explica Duarte. 

Representatividade como combate à gordofobia

Além de Tiago Abravanel, nomes como Naiana Ribeiro, Mariana Xavier e Paulo Vieira, também aparecem constantemente levantando a bandeira contra ideias e pensamentos que reforçam a gordofobia. 

Na internet, usuários de redes sociais comentam sobre a conversa do ator com os demais participantes da casa e celebram a inclusão do debate como pauta de um dos realities shows de maior audiência no país. “Super necessária a fala sobre gordofobia! É uma discussão que eu nunca tinha visto antes no programa e o Tiago Abravanel finalmente expôs esse tema para o Brasil. Precisamos de mais pessoas assim!” compartilhou uma usuária do Twitter. 

Em outro momento da conversa, Abravanel falou sobre representatividade, pauta que também ajuda a combater o preconceito às pessoas com sobrepeso. Não é à toa que um estudo recente da Universidade do Estado da Flórida mostrou que a presença de modelos plus-size em papéis de destaque como capas de revistas e campanhas publicitárias têm promovido um efeito positivo na autoestima das mulheres. 

Para a nutricionista Rachel Duarte, isso ocorre, pois, olhar modelos de corpos reais nos holofotes ajuda a trazer a ideia de que pessoas fora do “padrão” são tão belos quanto os outros. 

“A inclusão social sempre nos confortará de alguma forma. Quando nos deparamos com alguma imagem semelhante à nossa, nos aproximamos de outras pessoas. De fato, é uma posição muito importante para que possamos quebrar padrões rígidos sociais, mas devemos nos atentar também à nossa condição de saúde. Somos indivíduos diferentes, com características únicas.” conclui.