“Sinto que a minha vida está em risco assim como de muitas pessoas ao meu redor. Por isso fiz questão de levar isso ao conhecimento da comunidade internacional, não para pedir qualquer proteção, mas para os responsabilizar”, afirmou o presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
“Se algo me acontecer têm de responsabilizar Umaro Sissoco Embaló, mas também perguntar ao general (Biagué Na Ntan) o que aconteceu, pois serão os responsáveis e terão de responder por isso”, disse, referindo-se ao Presidente e ao chefe das Forçar Armadas guineenses, respetivamente.
Domingos Simões Pereira falava aos jornalistas e a cerca de 300 apoiantes e militantes do partido, que hoje se juntaram na sede do partido, em Bissau, onde era visível a presença das forças de segurança.
O líder do PAIGC disse que a informação foi passada ao secretário-geral da ONU, António Guterres, ao Presidente do Gana e presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Angola, que assume a presidência daquela organização, à União Europeia e a outros países.
“Todos estão avisados e informados”, afirmou.
Domingos Simões Pereira disse também que se o querem prender o façam de dia com “todo o mundo a ver” e “não numa emboscada, nem no calar da noite”.
“Levem-me e deixem o povo guineense em paz, já que não querem explicar de onde provém tanto ódio e vontade de perseguição”, referiu, salientando que as suas mãos estão “limpas e imaculadas”.
O Ministério Público guineense voltou, pela terceira vez, a pedir o levantamento da imunidade parlamentar a Domingos Simões Pereira para ser ouvido no âmbito do processo Resgate, que já foi concluído e que culminou com a absolvição do arguido e em que o líder do PAIGC, segundo os advogados, constava apenas como declarante.
Este processo está relacionado com o alegado apoio financeiro por parte do Governo a instituições bancárias, mas Simões Pereira alega que o acordo para essa ajuda foi assinado em novembro de 2015, quando ele já não era primeiro-ministro, cargo que assumiu entre julho de 2014 e agosto de 2015.
Como o parlamento ainda não decidiu sobre o levantamento da imunidade parlamentar, o Ministério Público decidiu impor a medida de coação de obrigação de permanência no território, considerada já ilegal por todos os líderes parlamentares.
“Amo a minha vida e tenho muita gente que me faz querer viver longamente, mas se tiver de ficar por aqui, que seja com dignidade e elevação, nunca subjugado ao medo ou à resignação. Isso nunca será para mim, façam o que fizerem”, concluiu Domingos Simões Pereira.