Josep Borrell, chefe da política externa da União Europeia (UE), culpou as tensões com a Rússia em torno da Ucrânia pelo aumento dos preços do gás no bloco europeu e instou a diversificar o fornecimento.
"A energia tem sempre sido uma das questões geopolíticas mais importantes. Com altos preços e desafios no fornecimento de gás causados pela crise com a Rússia, isso está no topo da nossa agenda",
disse no domingo (6) Borrell em seu blog, referindo que a UE continua dependente da Rússia que fornece mais de 40% de suas importações de gás natural liquefeito (GNL).
"Nos anos recentes, a Rússia tem aumentado sua resiliência contra sanções econômicas, aumentando suas reservas em moedas estrangeiras, mais do que temos feito para melhorar nossa capacidade para enfrentar potenciais cortes no fornecimento do gás", comentou ele.
Agora, afirmou ele,
é necessário que a UE procure outras fontes de importação e crie reservas estratégicas de gás. Ele apontou, além dos EUA, a Noruega, Catar, Azerbaijão e Argélia como potenciais fornecedores de GNL. "Estes esforços têm maior probabilidade de ter sucesso se investirmos nas relações
com potenciais fornecedores de GNL, não como uma solução a curto prazo, mas como parte de nosso interesse em desenvolver mais relações estratégicas."
Sobre a Ucrânia, o chefe da política externa da UE revelou que o bloco pretende aumentar o fluxo inverso para o país dentro da rede de transporte de gás, antes ainda da sincronização planejada da Ucrânia com a rede elétrica europeia em 2023.
"No entanto, a verdadeira segurança energética só pode chegar através de mais investimento em [energias] renováveis internas e melhores ligações com o mercado da UE", acrescentou, e exortou o próprio bloco europeu a reduzir sua dependência de combustíveis fósseis com investimento no hidrogênio e energia solar para se salvaguardar de futuros choques de preços.
Borrell estimou que os preços do gás na UE são agora de seis a dez vezes maiores que um ano atrás, o que aumenta os preços da eletricidade e inflação. Se os preços energéticos seguirem altos em 2022, isso afetaria seriamente a recuperação pós-pandêmica, advertiu.