“É normal. Olhemos para as declarações desde que Umaro Sissoco Embaló ganhou as eleições. Não são todos os guineenses que se conformaram com isso”, disse Umaro Sissoco Embaló, quando questionado pelos jornalistas sobre estas suspeições, levantadas por partidos políticos e por organizações da sociedade civil.
O Presidente guineense falava aos jornalistas no final de uma visita ao Palácio do Governo, onde ocorreu na terça-feira um ataque armado contra os dirigentes no país enquanto decorria uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros.
“As coisas estão no Ministério Público para que decorram com total transparência, mas penso que é preciso que acabem com as provocações. As pessoas que parem com as provocações de autodefesa. Ninguém foi ainda acusado. Que façamos fé na comissão de inquérito, é a nossa Justiça”, disse o chefe de Estado guineense.
“Quando alguém se mostra preocupado de antemão, como se diz no nosso crioulo, se morrer alguém e ouves a outra pessoa a dizer ‘não fui eu’, então é porque pensa que pode vir a ser acusado de ser o feiticeiro da tabanca (aldeia)”, afirmou o chefe de Estado.
Segundo o Presidente, é preciso ter em consideração que durante o ataque morreram 11 “filhos da Guiné”, defendendo que os guineenses não têm o direito de se matar uns aos outros.
“Já tínhamos atingido uma fase em que o país estava a arrancar, mas não são todos os guineenses que querem ver isso, porque se não forem eles nada está bom. Mesmo que saísse hoje, haverá outros Umaros Embalós, ou melhores do que Umaro Embaló, mas não para aquelas pessoas que pensam que se não forem eles ninguém mais pode ser”, afirmou, mas sem especificar a quem se referia.
Nas declarações aos jornalistas, o Presidente disse ainda que não há restrições de circulação no país e que as fronteiras estiveram sempre abertas.
Questionado sobre informações não oficiais de que o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Biagué Na N’Tan, teria morrido devido a complicações de saúde, Sissoco Embaló desmentiu, afirmando que o general “está vivo e de boa saúde”.
Homens armados atacaram na terça-feira o Palácio do Governo da Guiné-Bissau, onde decorria um Conselho de Ministros, com a presença do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, e do primeiro-ministro, Nuno Nabiam.
O ataque causou pelo menos 11 mortos, segundo o último balanço do Governo, e o Presidente considerou tratar-se de uma tentativa de golpe de Estado que poderá também estar ligada a “gente relacionada com o tráfico de droga”.
O Estado-Maior General das Forças Armadas guineense iniciou entretanto uma operação para recolha de mais indícios sobre o ataque, que foi condenado pela comunidade internacional.
A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres do mundo, com cerca de dois terços dos 1,8 milhões de habitantes a viverem com menos de um dólar por dia, segundo a ONU.
Desde a declaração unilateral da sua independência de Portugal, em 1973, sofreu quatro golpes de Estado e várias outras tentativas que afetaram o desenvolvimento do país.