Os autores da matéria
focaram no desenvolvimento do conflito contínuo em torno da expansão da OTAN para leste após a dissolução da União Soviética. Na opinião de Francesco Battistini e Milena Gabanelli, o atual envolvimento, tanto da Rússia como dos EUA, na crise ucraniana foi determinado já com a independência da Ucrânia.
Segundo eles, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca durante era Carter,
Zbigniew Brzezinski, estava certo de que
o nascimento da Ucrânia se tornaria "um dos três grandes momentos de viragem dos 1900, após a queda do Império Austro-Húngaro e da Cortina de Ferro".
"A tensão destas semanas nas relações entre a Rússia e o Ocidente provém desses eventos antigos", escrevem.
Os jornalistas determinaram o papel da Ucrânia como "zona tampão entre as duas superpotências" e notaram que Washington violou o respectivo acordo com Moscou com a política de "portas abertas" da OTAN.
Em 1993, após o nascimento da União Europeia e primeiras solicitações de adesão dos países do Leste Europeu, os EUA inventaram a Parceria para a Paz, um programa para driblar o veto russo e aproximar da OTAN não só os países do ex-Tratado de Varsóvia, mas também de partes da antiga URSS, como Estônia, Letônia e Lituânia.
Mais do que isso, o presidente americano Bill Clinton pediu a todos os europeus para "escolherem um campo" e, a partir desse momento, todas as negociações sobre a adesão à UE devem ser precedidas
por lealdade aos princípios da OTAN.
"Essa regra não é codificada, mas se tornou uma prática", explicam os autores.
Ante o agravamento da crise ucraniana, as decisões de determinados países de
adiar as entregas de armas também sinalizam a necessidade de rever as funções e tarefas da OTAN. "A recusa da Alemanha [de fornecer armamento alemão] é a primeira em 70 anos e agitou a frente da OTAN. Da mesma forma, a França e a Itália não querem se envolver em uma crise onde está em jogo a segurança energética da Europa e importantes relações comerciais com a Rússia: 25 bilhões de euros de volume de negócios por ano para a Alemanha e nove para a Itália", segundo seus cálculos.
Na visão dos autores, a concorrência com Moscou será mais benéfica para o Ocidente do que a constante demonização do país, capaz de virar um parceiro valioso.