A Rússia impôs uma proibição de viagem a altos funcionários da União Europeia (UE), em um momento em que crescem as tensões com o Ocidente pelos cerca de 100.000 soldados russos posicionados próximos à fronteira com a Ucrânia.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores russo, os afetados são, principalmente, representantes de forças de segurança, do legislativo e do executivo "que são pessoalmente responsáveis por propagar um curso de ação anti-russo". O Kremlin acusa a Europa de uma "política ilegal, destrutiva e sem sentido de restrições unilaterais" à Rússia.
Ao contrário da UE e dos EUA, a Rússia não menciona os nomes dos afetados quando se trata de sanções. Às vezes, eles só ficam sabendo sobre os impedimentos na fronteira, quando tem a entrada negada no país e precisam retornar para casa.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, as medidas também visam "companhias militares privadas europeias que atuam em diferentes regiões do mundo". Isso sugere que Moscou vê as proibições de entrada como uma reação às sanções da UE ligadas ao Grupo Wagner, uma organização paramilitar russa.
Em dezembro, a UE impôs medidas punitivas contra os responsáveis pelo Grupo Wagner, considerado o "exército das sombras" da Rússia. Moscou nega qualquer ligação com o grupo paramilitar.
Tropas do Wagner teriam lutado ao lado de separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, bem como na Síria, Líbia e República Centro-Africana. Os mercenários são acusados de crimes de guerra. "Várias centenas" de membros do Wagner também estão operando em Mali e na África Ocidental, disse recentemente o chefe do Comando Africano das Forças Armadas dos EUA, Stephen Townsend.
Um porta-voz do chefe de política externa da UE, Josep Borrell, lamentou a decisão da Rússia de impor novas proibições de entrada. Segundo ele, a medida carece de qualquer base legal e transparência e resultará em uma "resposta adequada". Em vez de ajudar a diminuir a escalada, a Rússia está alimentando as tensões na Europa, disse o porta-voz da UE.
Pelo que o Ocidente tem chamado de ataque iminente à Ucrânia, os EUA e a UE estão ameaçando o Kremlin com sanções econômicas maciças se as tropas russas invadirem o país vizinho.
De acordo com as conclusões da Otan e dos EUA, Moscou reuniu mais de 100.000 soldados, bem como tanques e outros equipamentos militares na fronteira com o país vizinho. O presidente russo, Vladimir Putin, nega planos de ataque.
Na sexta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou o envio de tropas americanas "no curto prazo" a países aliados da Otan. Outras nações europeias também estão enviando contingentes aos países do Báltico.