Curiosidade Superlua
Podemos ter acabado de detectar uma superlua fora do Sistema Solar
A Via Láctea deve estar absolutamente recheada de luas, se você parar para pensar sobre isso. O Sistema Solar tem 8 planetas oficiais, mas pelo menos 25 vezes mais luas.
13/01/2022 19h17
Por: Redação Fonte: https://universoracionalista.org/podemos-ter-acabado-de-detectar-uma-superlua-fora-do-sistema-solar/

Traduzido por Julio Batista
Original de Michelle Starr para o ScienceAlert

No entanto, embora tenhamos confirmado quase 5.000 exoplanetas (isto é, planetas fora do Sistema Solar) até o momento, as exoluas são escassas, para dizer o mínimo. Uma detecção provisória foi feita em 2017; agora, finalmente temos uma segunda candidata para se juntar à outra. A candidata a exolua foi nomeada Kepler-1708 bi, orbitando um exoplaneta que orbita uma estrela a cerca de 5.500 anos-luz de distância. As evidências até agora sugerem que é bastante grande – cerca de 2,6 vezes o tamanho da Terra, provavelmente gasosa como um Netuno bebê. Seu planeta hospedeiro é um pouco menor que Júpiter.

Isso é semelhante a primeira candidata a exolua, Kepler-1625 bi, que está localizada a cerca de 8.000 anos-luz de distância, aproximadamente do tamanho e massa de Netuno (também provavelmente gasosa), e orbitando um exoplaneta com várias vezes a massa de Júpiter. Ambos as candidatas a exolua e seus exoplanetas também estão orbitando suas respectivas estrelas a distâncias bastante grandes. Ambas são muito diferentes das luas que temos aqui na vizinhança do Sistema Solar; mas isso faz muito sentido.

“Os astrônomos encontraram mais de 10.000 candidatos a exoplanetas até agora, mas as exoluas são muito mais desafiadoras”, disse o astrônomo David Kipping, da Universidade de Columbia, que também liderou a descoberta de Kepler-1625 bi com seu colega Alex Teachey.

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“As primeiras detecções em qualquer pesquisa geralmente serão as mais esquisitas. Os objetos grandes que são simplesmente mais fáceis de detectar com nossa sensibilidade limitada.”

A candidata a exolua foi revelada em uma busca de dados coletados pelo telescópio espacial Kepler (agora aposentado e em repouso no espaço). A missão do Kepler era procurar exoplanetas. Isso é complicado, já que os exoplanetas são muito pequenos e muito escuros para serem vistos diretamente na maioria das vezes; temos que procurá-los tentando ver os efeitos muito pequenos que eles têm em suas estrelas hospedeiras. No caso de Kepler, isso envolveu olhar para as estrelas, procurando por quedas muito fracas e regulares no brilho que indicam que algo está se movendo entre nós e a estrela em intervalos regulares – em outras palavras, um exoplaneta em órbita. Essas quedas muito fracas são conhecidas como curva de luz de trânsito.

Nos dados do Kepler, e mais tarde do Hubble, Kipping e Teachey identificaram um sinal fraco além da curva de trânsito do exoplaneta para Kepler-1625 bi. Em seguida, eles voltaram aos dados procurando por mais desses sinais.

Eles estudaram os dados do Kepler para 70 exoplanetas. Apenas um exoplaneta chamado Kepler-1625 b era compatível com um sinal de exolua; mas, segundo os pesquisadores, era um sinal muito forte.

“É um sinal persistente”, disse Kipping.

Kepler-1708 bi ainda não foi confirmada, assim como sua antecessora; de fato, alguns astrônomos contestaram se Kepler-1625 bi é uma assinatura de exolua, sugerindo que o sinal era um erro de redução de dados.

Prevenindo tal crítica novamente, desta vez os pesquisadores calcularam a possibilidade de que o sinal de Kepler-1708 bi seja um erro nos dados: é, disseram eles, de apenas 1 por cento. No entanto, as questões permanecem. Não temos certeza de como um exoplaneta gigante gasoso e um sistema de exolua gasosa podem se formar; já que não há nada parecido com eles no Sistema Solar, isso sugere que o mecanismo de formação é diferente daqueles que formaram as luas aqui. Talvez as luas tenham acumulado gás de seus exoplanetas hospedeiros; ou talvez tenham começado como exoplanetas e depois foram capturadas.

Descobrir isso exigirá mais trabalho; assim como confirmar se a detecção é de fato uma exolua. No mínimo, serão necessárias observações de acompanhamento para ver se outro instrumento também pode detectar o sinal. Mas é perfeitamente possível que a única maneira de confirmarmos a detecção de exoluas seja… continuando a encontrar várias de forma que sua existência não pode mais ser contestada.

Então, é claro, o próximo desafio será encontrar aquele ser raro e indescritível, uma lua de uma lua. Por enquanto, no entanto, a busca por exoluas continua.

A pesquisa da equipe foi publicada na Nature Astronomy.