A imprensa oficial da Coreia do Norte anunciou nesta terça-feira (12/01) que o regime do país testou no dia anterior um míssil hipersônico que atingiu um alvo situado a mil quilômetros de distância e que o teste foi presidido por Kim Jong-un. O líder norte-coreano não presenciava um ensaio de armas há quase dois anos.
A notícia foi publicada um dia depois que militares de Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão disseram ter detectado um míssil balístico suspeito sendo disparado pela Coreia do Norte em seu mar oriental.
O lançamento foi o segundo teste da Coreia do Norte de um de seus supostos mísseis hipersônicos em uma semana. Esse tipo de armamento teria sido testado pela primeira vez em setembro, em meio ao esforço desafiador de Pyongyang para expandir a capacidades de armas nucleares do país, apesar das sanções internacionais.
De acordo com a agência oficial norte-coreana KCNA, a ogiva hipersônica do míssil retomou a sua trajetória após percorrer 600 quilômetros e "executou uma manobra de virada brusca de 240 quilômetros" antes de "atingir o alvo em águas a mil quilômetros" do ponto de lançamento no Mar do Japão (chamado Mar do Leste pelos coreanos).
A KCNA acrescenta que Kim Jong-un "observou o teste de mísseis hipersônicos realizado na Academia Nacional de Ciências da Defesa", marcando a primeira vez que o líder norte-coreano esteve presente em um teste de mísseis desde março de 2020.
Fotos mostram Kim acompanhando o teste em um centro de controle instalado dentro de um veículo de grandes dimensões na companhia de Jo Yong-won, que juntamente com o líder é um dos cinco membros da cúpula do Partido dos Trabalhadores.
O texto acrescenta que "o teste visava a verificação final das especificações técnicas gerais do sistema de armas hipersônicas desenvolvido" e que, graças ao teste, "a excelente manobrabilidade da unidade planadora de combate hipersônico foi confirmada mais claramente".
No início do dia, militares sul-coreanos descreveram o lançamento da Coreia do Norte como um míssil balístico que percorreu cerca de 700 quilômetros e atingiu uma velocidade máxima de cerca de Mach 10 (10 vezes a velocidade do som).
O lançamento foi condenado pela União Europeia (UE). O bloco considera os testes recentes uma ameaça à paz e segurança que "contraria os esforços" diplomáticos para retomar o diálogo com o país. E apelou para que a Coreia do Norte cumpra "suas obrigações sob as resoluções do Conselho de Segurança da ONU" e "busque a diplomacia e o diálogo", de acordo com o porta-voz do Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell.
Os Estados Unidos também condenaram o último disparo, qualificando a ação como "uma ameaça para os vizinhos e para a comunidade internacional".
Um porta-voz do Comando Militar de Segurança Aérea dos EUA-Canadá (Norad) disse à agência AFP que os militares não emitiram nenhum alerta após o disparo do míssil norte-coreano.
O regulador americano da aviação Agência Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) revelou que suspendeu por um breve período as atividades dos vários aeroportos na costa oeste dos Estados Unidos após o lançamento de um novo míssil pela Coreia do Norte. "Como precaução, a FAA suspendeu temporariamente todas as partidas de certos aeroportos ao longo da costa oeste na noite de segunda-feira", referiu esta agência, em comunicado.
A suspensão de voos nos Estados Unidos foi assinalada por entusiastas da aviação, que divulgaram nas redes sociais as diversas trocas de informações entre os controladores de tráfego aéreo e pilotos de aeronaves comerciais.
As operações ficaram interrompidas por 15 minutos, embora a nota de imprensa não mencione o disparo do míssil por Pyongyang.
A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, admitiu implicitamente durante uma conferência de imprensa que as duas ocorrências estavam ligadas, quando questionada sobre a atividade da Coreia do Norte.