Os produtores paranaenses de erva-mate podem se beneficiar do investimento em produtos diferenciados e da exploração de novos mercados, com apoio de pesquisa, assistência técnica e parcerias entre entidades e poder público. O assunto esteve em discussão nesta quinta-feira (16) no 10º Fórum Institucional da Cadeia Produtiva da Erva-Mate, no câmpus da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) em Irati, no Centro-Sul do Estado.
Organizado pela Unicentro, o 10º Fórum tem parceria com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) , a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento e a Embrapa Florestas, com o apoio da Invest Paraná e Solidaridad Brasil. Com a integração entre entidades do setor ervateiro, técnicos, produtores, indústrias e lideranças, o objetivo é estimular a sustentabilidade econômica, ambiental e social a partir da organização da cadeia produtiva, certificação da qualidade do produto e desenvolvimento tecnológico.
Na abertura, o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, incentivou que o consumo da erva-mate se expanda para além dos tradicionais chimarrão e tererê. “Temos tamanho e eficiência na produção agrícola, mas não podemos oferecer mais do mesmo. Nosso desafio é o mercado, gerar inovação, produzir com sustentabilidade e alargar a base de consumidores no mundo”, disse. O Paraná é o principal produtor de erva-mate do país, com 63% da produção nacional, e a qualidade da erva-mate sombreada produzida no Estado é considerada a melhor do mundo, pois apresenta sabor e aroma diferenciado.
Para o diretor-presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza, é preciso fazer um esforço de cooperação na cadeia produtiva, ajudando agricultores que mantêm boas práticas no campo a ganhar dinheiro. “Não basta ser o maior produtor ou ter a melhor erva-mate. Precisamos ter melhor preço, melhor renda, melhor qualidade de vida. O compromisso do Instituto é com a articulação com todos os segmentos”, disse.
Durante o evento, foi lançado o programa de Vocações Regionais Sustentáveis (VRS) – Erva-Mate, parceria entre a Invest Paraná e IDR-Paraná com apoio de diversas instituições e órgãos estaduais. De acordo com o gerente de desenvolvimento econômico da Invest Paraná, Bruno Banzatto, o VRS seleciona produtos paranaenses com potencial para criação de uma marca única.
“A Invest Paraná é uma interlocutora do Governo do Estado, promovendo a intermediação entre os produtores paranaenses e a iniciativa privada”, destacou. A partir do lançamento do programa, os produtores locais terão acesso a uma série de iniciativas e oficinas de capacitação para saber como exportar seus produtos.
INOVAÇÃO E RENDA -Na região Centro-Sul do Paraná, aproximadamente 37 mil famílias se beneficiam da erva-mate, de acordo com o Conselho Gestor da Erva-Mate do Vale do Iguaçu (Cogemate). As indústrias buscam o desenvolvimento de itens para além do chimarrão e tererê, como nas áreas de cosméticos e alimentos, com foco na geração de emprego e renda. “O propósito desse envolvimento é principalmente a geração de renda na pequena propriedade”, disse o prefeito de Irati, Jorge Derbli. O reitor da Unicentro, Fabio Hernandes, destacou que a instituição está de portas abertas para as parcerias que agregam valor à cultura.
POTENCIAL –O coordenador estadual de Produção Florestal do IDR-Paraná, Amauri Ferreira Pinto, destacou que parceria entre diversos setores está ajudando a desenvolver a cadeia produtiva no Estado. “Quando a cadeia não está equilibrada e harmonizada, com rentabilidade e sustentabilidade para cada um de seus elos, não vai para frente. Começamos a debater nos Fóruns para identificar gargalos e promover boas práticas agrícolas, certificação, mercado e inovação”.
PROGRAMAÇÃO- A programação contou ainda com a participação do gerente regional do IDR-Paraná, Amilcar Marques, e do engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral), Rogério Nogueira, que falou sobre a conjuntura econômica recente da cultura. A erva-mate produzida no Paraná somou aproximadamente 638 mil toneladas no último ano - crescimento de 17% com relação a 2019 - e Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de R$ 753 milhões, segundo o Deral. Os municípios com maior VBP são, respectivamente, Cruz Machado, São Mateus do Sul, Bituruna, Prudentópolis e General Carneiro.