“Cerca de 30 civis e dois membros das forças armadas da África Central foram mortos no domingo em dois ataques simultâneos nas aldeias de Kaïta e Bayengou”, a cerca de 500 quilómetros a noroeste da capital, Bangui, perto da fronteira com os Camarões, disse Esaïe Gbanin.
O número de mortos do ataque foi confirmado por uma fonte humanitária.
Classificada pelas Nações Unidas (ONU) como o segundo país menos desenvolvido do mundo, a RCA mergulhou numa guerra civil após um golpe de Estado em 2013.
O conflito está em curso, mas diminuiu consideravelmente de intensidade nos últimos três anos, embora grandes extensões de território continuem fora do controlo governamental.
O vice-governador culpou os rebeldes do grupo 3R (Retorno, Reclamação, Reabilitação) pelos ataques.
Os 3Rs, que são compostos principalmente por membros da etnia Peul, são um dos grupos armados mais presente na RCA.
O grupo fez parte da coligação rebelde que lançou uma grande ofensiva no final de dezembro de 2013 para derrubar o Presidente Faustin Archange Touadéra, que procurava um segundo mandato presidencial.
Touadéra foi reeleito e apelou a Moscovo e Kigali para ajudarem o país.
O desejo foi concedido pela Rússia, que enviou paramilitares – “mercenários” da empresa privada Wagner, de acordo com a ONU – e soldados ruandeses de elite.
Estas forças reconquistaram a grande maioria do país e empurraram os rebeldes de volta para o mato, de onde multiplicam as suas ações de guerrilha.
Desde segunda-feira, muitos habitantes da região refugiaram-se nos Camarões, explicou o vice-governador.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, após o derrube do então Presidente François Bozizé por grupos armados juntos na designada Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas na anti-Balaka.
Desde então, o território centro-africano tem sido palco de confrontos comunitários entre estes grupos, que obrigaram quase um quarto dos 4,7 milhões de habitantes da RCA a abandonarem as suas casas.
A ONU tem uma missão no país, a MINUSCA, que visa apoiar a comunidade internacional na reforma do setor de segurança do Estado, contribuindo para a segurança e estabilização do país, o apoio na resolução da crise humanitária e ao processo de transição, através do desarmamento, desmobilização e reintegração dos diferentes grupos armados.
Portugal contribui para esta missão, cujo segundo comandante é o major-general Paulo Maia Pereira, com 191 militares e 45 meios.