O Paraná intensificou neste ano as ações integradas para combate à deriva de defensivos agrícolas. Deriva é o desvio das gotas de agrotóxicos durante a aplicação, fazendo com que, pela força do vento, se espalhem para além do alvo. As culturas consideradas mais sensíveis à deriva são a sericultura, fruticultura – em especial a produção de uva; cultivos orgânicos e apicultura, em razão da coexistência no mesmo ambiente geográfico de lavouras como cana-de-açúcar, soja e milho.
Parte dos resultados, além de orientações e metas dessa iniciativa de combate, foram discutidos no evento online Ação Integrada de Coexistência entre Agricultura, Apicultura, Meliponicultura e Sericicultura, realizado nesta quarta-feira (10). O debate teve a participação de representantes da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná), Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), lideranças das principais entidades ligadas ao setor e produtores.
O coordenador do Programa de Fiscalização do Comércio e do Uso de Agrotóxicos da Adapar, João Miguel Toledo Tosato, explica que a Agência tem várias atividades para combater a deriva. Além da fiscalização, são realizadas palestras, ações de comunicação e orientações. De acordo com ele, as denúncias envolvendo a deriva incluem contaminação, perda de produção, morte de abelhas e de bicho-da-seda, por exemplo. De 2012 a 2019, a Adapar registrou 236 autos de infração por deriva de agrotóxicos.
OParaná lidera a produção de melno Brasil. Já a sericicultura envolve cerca de 170 municípios com cerca de 4 mil hectares de amoreira, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), e é destaque nacional na produção de fios de seda de alta qualidade. Para o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, é preciso que o setor tenha responsabilidade e sensibilidade para enfrentar o problema com estratégias adequadas e aproveitar as ferramentas da ciência agronômica
“Felizmente estamos assistindo a movimentos salutares no nosso meio, um despertar da consciência para boas práticas no meio rural. Para ter sucesso, devemos fazer bom uso da ciência agronômica, observar as condições ambientais, a regulagem dos instrumentos de aplicação, e fazer de tudo para mitigar riscos”, disse.
Ortigara destacou que as ações do Estado, em parceria com entidades e setor privado, envolvem a criação de grupos de trabalho, fiscalização preventiva, capacitação de aplicadores, pesquisa, assistência técnica e extensão rural, orientação de produtores, georreferenciamento de culturas sensíveis.
AÇÕES -O coordenador de Sustentabilidade do IDR-Paraná, Benno Doetzer, explica que esse conjunto de atividades integra há anos a agenda do Estado, em linha com a legislação e o avanço no conhecimento científico. “A ação integrada entre instituições públicas e privadas é muito importante. A deriva ocorre por uso inadequado dos produtos. Promover o uso correto e seguro é fundamental. Com boas práticas se faz produção sustentável”, explica.
O IDR-Paraná realiza uma ação concentrada de pesquisa, fiscalização, assistência técnica e extensão, com a iniciativa privada, em 37 municípios que concentram 60% da sericicultura no Estado. “As culturas sensíveis também são importantes dentro do contexto da produção agropecuária paranaense. E a gente luta para que essa diversidade exista”, completa Doetzer.
TRABALHO INTEGRADO -Também fazem parte da parceria o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), Sistema Faep/Senar-PR, Fetaep, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Sistema Ocepar, Bratac, Associação Brasileira da Seda (Abraseda), Associação de Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar) e Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).
Denúncias sobre deriva podem ser feitas pelo sitewww.adapar.pr.gov.br/Pagina/Fale-com-o-Ouvidor