Os Estados Unidos gastaram US$ 88 bilhões (R$ 496,7 bilhões) em armamento e treinamento dos militares afegãos, apenas para que as forças afegãs se desfizessem antes da rápida conquista pelo Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países) em agosto. Embora o Talibã tenha prometido anistia a esse pessoal, circulam histórias de represálias violentas.
De acordo com o veículo de imprensa americano, um número "relativamente pequeno, mas crescente", de ex-soldados e espiões afegãos está se juntando às fileiras do Daesh para lutar contra os talibãs.
Estado Islâmico-Khorasan (EI-K) (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países), um ramo do Daesh, está ansiosamente absorvendo esses soldados treinados pelos EUA. Conforme ex-oficiais de segurança e membros do Talibã entrevistados pelo The Wall Street Journal, algumas antigas tropas do governo se juntaram por um salário e outras por falta de uma melhor alternativa ao poder do Talibã.
"Se houvesse uma resistência, eles teriam se juntado à resistência", disse o ex-chefe do serviço secreto, Rahmatullah Nabil, acrescentando que, "por enquanto, o Daesh é o único outro grupo armado".
Ainda não é certo quais "conhecimentos críticos em técnicas de coleta de informações e de guerra" esses novos soldados vão fornecer ao EI-K, levando em consideração que os supostos 300.000 militares afegãos, de onde eles vieram, sucumbiram perante o Talibã em questão de semanas, com seus membros frequentemente fugindo ou se rendendo sem disparar um tiro.
No entanto, aponta a mídia, o fato de que esses combatentes financiados pelos EUA aderiram a um grupo terrorista linha-dura apenas meses após a saída dos Estados Unidos do Afeganistão demonstra um problema que os tomadores de decisões em Washington obviamente não aprenderam em quatro décadas de experiência.
Tal como os afegãos mujahideen financiados pelos EUA acabariam por se transformam no Talibã no final e os militares do Afeganistão estão no caminho para reforçar o EI-K, os soldados iraquianos descontentes, que ficaram sem emprego após a invasão dos EUA em 2003, acabaram fornecendo um fluxo constante de recrutas para o Daesh vários anos depois.
O establishment de segurança norte-americano já começou a soar o alarme sobre o ressurgimento do EI-K, com o subsecretário de Defesa dos EUA Colin Kahl dizendo ao Senado na semana passada que o grupo poderia estar em posição de atacar o Ocidente a partir do Afeganistão dentro de seis meses.
O Talibã, pelo menos em público, está tranquilo. "Nós não somos confrontados com uma ameaça nem estamos preocupados com eles", disse ao jornal Mawlawi Zubair, alto comandante dos talibãs. "Não há necessidade, nem mesmo uma pequena necessidade, de procurarmos ajuda de alguém contra o Daesh".