Em meio ao aumento das tensões com Taiwan, o presidente da China, Xi Jinping, voltou a conclamar a uma "reunificação". Durante uma festividade no Grande Salão do Povo, em Pequim, neste sábado (09/10), ele declarou que uma união "por meios pacíficos" é o que melhor serve aos interesses da nação chinesa.
A ocasião foi o 110º aniversário da Revolução de 1911 origem tanto da atual República Popular da China, sob governo comunista, quanto a República da China, ainda existente no Taiwan.
"Os compatriotas de ambos os lados do Estreito de Taiwan devem ficar do lado certo da história e se unir, para alcançar a completa reunificação e renovação da nação chinesa", exortou o mandatário. Referindo-se às pretensões de independência do hoje democrático Taiwan, no entanto, Xi adotou uma retórica mais ameaçadora: "Aqueles que esquecem seu legado, traem sua pátria e tentam dividir o país terão um fim amargo."
Sem mencionar os Estados Unidos, que se comprometeram a apoiar a capacidade de defesa do Estado insular asiático, fornecendo armas e formando soldados, o chefe de Estado e partido criticou a ingerência estrangeira, frisando que "a questão do Taiwan é um assunto exclusivamente interno da China".
Um porta-voz da presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, comentou o discurso de Xi afirmando que o futuro da ilha está nas mãos de seus habitantes. A opinião pública dominante vai claramente na direção de rejeitar o modelo chinês de "um país, dois sistemas".
A república insular democrática seria "um país soberano e independente, e não parte da República Popular da China", frisou o porta-voz. O Conselho para Assuntos Continentais, sediado no governo em Taipei, exigiu que Pequim abandone suas "provocadoras medidas de interferência, ameaça e destruição".
Demonstração de independência: helicóptero leva bandeira da República da China em Taipei, em 07/10/2021
A advertência de Xi e seu apelo aos 23 milhões de taiwaneses foram feitos no contexto de um confito no qual há semanas Pequim vem acirrando a pressão militar, e que só é possível compreender à luz da história.
Na Revolução de 1911, a dinastia Qing foi derrubada e fundou-se a República da China, sob Sun Yat-sen. Na subsequente guerra civil, os comunistas liderados por Mao Tsé-tung se impuseram, enquanto o partido nacional-chinês Kuomintang refugiou-se com o governo em Taiwan.
Hoje, a ilha se considera independente, mas segue se denominando República da China e celebra a revolução no domingo, com seu feriado nacional. A liderança comunista em Pequim, por sua vez, vê Taiwan como "parte indivisível" da República Popular fundada em 1949, e ameaça com uma anexação violenta visando a "reunificação".