Um estudo recente publicado por uma equipe internacional de pesquisadores, incluindo Tracy Frank, professora e diretora do Departamento de Geociências, e o professor Chris Fielding, identificou uma nova causa relacionada à extinção durante eventos de aquecimento extremo: florações microbianas tóxicas, indica o portal Phys.org.
Em um ecossistema saudável, algas microscópicas e cianobactérias fornecem oxigênio às criaturas aquáticas como um produto residual de sua fotossíntese. Contudo, quando seus números ficam fora de controle, esses micróbios acabam esgotando o oxigênio livre e até mesmo liberam toxinas na água. Ao estudar os registros fósseis, sedimentos e químicos das rochas perto de Sydney, na Austrália, os pesquisadores descobriram que vários momentos da ocorrência de floração tomaram lugar logo após as primeiras erupções vulcânicas da extinção em massa do final do período Permiano.
Uma vez que os animais que se alimentavam nos leitos marinhos, ou "detritivores", acabaram por morrer, não havia mais nenhum ser vivo para manter os micróbios sob controle. Os sistemas de água doce, então, começaram a encher de algas e bactérias, atrasando a recuperação da fauna por talvez milhões de anos, segundo a mídia.
Frank e Fielding estudaram os sedimentos enquanto estavam na Universidade de Nebraska-Lincoln, nos EUA, em busca de detalhes sobre as condições do ambiente, e a "sopa tóxica" resultante.
Os três principais ingredientes para uma sopa tóxica são a emissão acelerada de gases de efeito estufa, altas temperaturas e nutrientes abundantes. As erupções vulcânicas forneceram os dois primeiros ingredientes, enquanto que o desmatamento repentino causou o terceiro. Quando as árvores foram dizimadas, os solos vazaram para os rios e lagos, fornecendo todos os nutrientes que os micróbios precisariam.
Quando os pesquisadores compararam os registros fósseis de diferentes extinções em massa relacionadas ao aquecimento da temperatura no planeta, a equipe encontrou registros fósseis bastante semelhantes. Hoje, os seres humanos têm seguido esta receita fatal, e as florações microbianas de água doce têm aumentado.
"Estamos vendo florescer cada vez mais algas tóxicas em lagos e em ambientes marinhos rasos, [eventos] que estão relacionados com aumentos de temperatura e mudanças nas comunidades vegetais que estão levando a aumentos nas contribuições de nutrientes para ambientes de água doce", observou Frank, citado pelo Phys.org.
De acordo com o relatório deste ano do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), a influência do homem sobre as mudanças climáticas é "inequívoca", criando condições que favorecem a propagação desses micróbios favorecidos pelo calor.
Junto com um influxo de nutrientes provenientes da poluição da água, principalmente resultante da agricultura e do desmatamento, tem existido um forte aumento das florescências tóxicas. Os resultados consistem maioritariamente em mortalidade em massa de peixes, graves efeitos na saúde humana e animal, e um custo anual no valor de bilhões de dólares.