Israel, por sua vez, convencido de que Fakhrizadeh estaria liderando os esforços da República Islâmica para construir uma bomba nuclear, planejou sua morte por pelo menos 14 anos, reporta The New York Times.
Em 2004, o governo israelense ordenou que o Mossad, serviço de inteligência de Israel, impedisse Teerã de obter armas nucleares, pelo que começou realizando uma campanha de sabotagem e ataques cibernéticos às instalações de enriquecimento de combustível nuclear do Irã. De igual modo, o serviço de inteligência israelense estava também, metodicamente, vigiando os especialistas que poderiam estar liderando o programa de armas nucleares iraniano.
Desde 2007, agentes do Mossad assassinaram cinco cientistas nucleares persas e feriram mais outro. A maioria desses cientistas trabalhou diretamente para Fakhrizadeh em um alegado programa secreto para construir uma ogiva nuclear, de acordo com as autoridades de inteligência israelenses, aponta a mídia.
Agentes do serviço de inteligência israelense também chegaram a assassinar um general iraniano encarregado do desenvolvimento de mísseis, bem como 16 membros de sua equipe.
Contudo, os preparativos para o assassinato do famoso cientista nuclear começaram após uma série de reuniões, no final de 2019 e no início de 2020, entre funcionários israelenses, liderados pelo diretor do Mossad, Yossi Cohen, e altos funcionários norte-americanos, incluindo o ex-presidente Donald Trump, o ex-secretário de Estado dos EUA Mike Pompeo e a ex-diretora da CIA, Gina Haspel.
As autoridades norte-americanas informaram sobre o plano de assassinato em Washington, de acordo com um funcionário que esteve presente nessa reunião.
Ambos os países - EUA e Israel - foram encorajados pela resposta relativamente fraca do Irã ante o assassinato do major-general Qassem Soleimani, ex-chefe da Força Quds do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) em janeiro de 2020. Em sua lógica, se foram capazes de matar o principal líder militar iraniano e sofrer poucas retaliações, isso quereria dizer que a República Islâmica não era incapaz de responder com maior agressividade.
Por fim, em novembro de 2020, o principal cientista nuclear iraniano, Mohsen Fakhrizadeh, foi assassinado em um golpe sofisticado liderado por uma equipe do Mossad que, supostamente, implantou uma metralhadora computadorizada, sem precisar de seus agentes no local.
Uma equipe de assassinos havia esperado perto da estrada na qual Fakhrizadeh passaria, informou um relatório. Os residentes ouviram uma grande explosão seguida de disparos intendos de metralhadora, disse outro relatório. Um caminhão explodiu em frente ao carro de Fakhrizadeh, e depois cinco ou seis indivíduos pularam de um carro próximo e abriram fogo.
Um canal de mídia associado ao IRGC relatou a ocorrência de uma intensa batalha armada entre os guarda-costas do cientista nuclear contra uma dúzia de atacantes. Várias pessoas foram mortas, disseram testemunhas.
Várias organizações de notícias iranianas relataram que o assassino era um robô, e que toda a operação foi conduzida por controle remoto. Porém, tais relatos contradiziam diretamente os relatos de uma suposta testemunha ocular que falava de uma batalha armada entre grupos de assassinos e guarda-costas, bem como outros relatos de que alguns dos assassinos haviam sido presos ou mortos.
No final, o sucesso da operação foi o resultado de vários fatores, especialmente graves falhas de segurança por parte do IRGC, e o planejamento e a vigilância extensivos por parte do Mossad.
Contudo, tamanha empreitada só foi possível também graças ao franco-atirador que tinha tecnologia de ponta, era computadorizado, equipado com inteligência artificial e lentes com várias câmeras, operado via satélite e capaz de disparar 600 tiros por minuto.