“Nas últimas semanas, factos de particular gravidade, contrários à ética militar e à honra dos exércitos, cometidos por alguns elementos dos batalhões gaboneses (…) foram relatados”, anunciou o Ministério da Defesa gabonês numa declaração.
“Na sequência dos muitos casos de alegada exploração e abuso sexual sob investigação, as Nações Unidas decidiram hoje retirar o contingente gabonês da Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (Minusca) e “foi aberto um inquérito pelo Gabão”, afirma a mesma declaração.
A Minusca foi destacada pela ONU em abril de 2014, para tentar pôr fim à guerra civil sangrenta que se seguiu a um golpe de Estado no ano anterior contra o então Presidente François Bozizé.
A luta que se seguiu entre a coligação de grupos armados que o derrubaram, a Séléka, predominantemente muçulmana, e milícias apoiadas pelo chefe de Estado deposto, anti-balaka, dominadas por cristãos e animistas, atingiu o seu auge entre 2014 a 2015.
Desde então, a intensidade da guerra civil na República Centro-Africana diminuiu consideravelmente, mas a Minusca ainda tem cerca de 15.000 efetivos no país da África Central, 14.000 dos quais fardados, com a missão prioritária de proteger os civis.
As acusações de crimes sexuais contra as forças de manutenção da paz são recorrentes na República Centro-Africana, e alguns contingentes foram retirados no passado, mas nenhuma investigação conduziu a condenações até à data, pelo menos publicamente.
Para além da Minusca, também a União Europeia tem uma força destacada no país, que constitui a Missão de Treino da União Europeia na República Centro-Africana (EUTM-RCA), cujo comando Portugal assumiu durante o último ano, desde setembro de 2020, e acaba de entregar a um general francês. Portugal mantém duas dezenas de efetivos nesta missão.