O Museu Oscar Niemeyer (MON) abriu nesta terça-feira (31) para o público a exposição “África, Expressões Artísticas de um Continente”, que reúne parte das peças doadas ao MON pela Coleção Ivani e Jorge Yunes (CIJY). A mostra está instalada na Sala 4 e pode ser visitada de terça-feira a domingo, das 10h às 18h.
Aproximadamente 1.700 obras de uma das mais importantes e significativas coleções de objetos de arte africana do século 20 passaram a pertencer ao acervo do Museu Oscar Niemeyer e, consequentemente, ao Estado do Paraná. As obras foram adquiridas ao longo de mais de 50 anos pelo casal Ivani e Jorge Yunes, detentores de uma das maiores coleções de arte do Brasil.
O vice-governador Darci Piana participou da abertura da exposição e destacou a importância da cultura africana no contexto mundial. “É uma alegria muito grande para o Estado do Paraná e o Museu Oscar Niemeyer receber uma coleção com 1.700 peças que representam o continente africano”, afirmou.
A coleção, apresentada pela Copel, é formada por máscaras, esculturas, bustos e cabeças de bronze, miniaturas metálicas, objetos do cotidiano e instrumentos musicais. As obras têm origem em países como Costa do Marfim, Mali, Nigéria, Camarões, Gabão, Angola, República Democrática do Congo e Moçambique, entre outros.
A superintendente-geral da Cultura, Luciana Casagrande Pereira, destacou a incorporação de mais um volume importante de obras ao acervo do MON. “Quando vi a coleção na reserva técnica senti muita emoção, e será esse o sentimento do público quando tiver o contato com essas obras. É um acervo fundamental ao museu, que já tem uma coleção de arte asiática que está entre as maiores do mundo”, afirmou. “Nada mais justo que o maior museu da América Latina ter um acervo dessa qualidade”, ressaltou.
MOSTRA AFRICANA –Ivani Yunes conta que o acervo foi formado ao longo de cinco décadas, fruto de viagens feitas pelo casal ao continente e de aquisições feitas posteriormente. A ideia original da família era montar um museu de arte africana, mas com a morte de Jorge Yunes a proposta foi adiada, até a família resolver fazer a doação ao MON.
“Vivíamos para comprar e estudar arte. Temos muitos livros sobre a África e os povos africanos, respeitamos e gostamos muito do continente. É uma emoção muito grande esse acervo estar aqui, porque vai ser visto, admirado e estudado por muitas pessoas”, disse. “Cada uma dessas peças têm uma história, e é importante levar esse conhecimento ao público. Nossa intenção era que as pessoas pudessem ver isso tudo”.
100 ANOS- Segundo o curador da exposição, Renato Araújo da Silva, a mostra é formada por cerca de 400 peças, um terço do acervo total doado. Os objetos têm cerca de 100 anos e estão intimamente ligados à religiosidade, à natureza e à representação da fertilidade observada pelo povo africano.
“No contexto africano, essas peças eram objetos utilizados no dia a dia, uma maneira de fazer a interseção entre o mundo social e o mundo natural. Cada máscara, cada estatueta, eram de mostrar esse diálogo com a natureza”, explicou.
Ele destacou a importância de trazer a público esse acervo. “Esta será a primeira exposição permanente de arte africana no Sul do País e vai estimular estudos acadêmicos e o acesso de estudantes de escolas públicas a esse acervo, que não é importante apenas do ponto de vista artístico, como também histórico e em outras áreas do saber”, disse.
Renato Araújo da Silva é formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) e coautor, entre outros trabalhos publicados, do livro “África em Artes”. Curador e pesquisador, atuou no Museu Afro e realizou outras exposições em museus, como o de Arte Sacra de São Paulo.
ACERVO-- Em 2018, o MON foi o museu escolhido por suas condições técnicas, capacidade de gestão e credibilidade da instituição a receber uma doação de quase 3 mil obras de arte asiática. Doadas pelo diplomata e professor Fausto Godoy e oriundas de vários países daquele continente, parte das obras pode ser vista pelo visitante do MON na mostra“Ásia: a Terra, os Homens, os Deuses”,na Sala 5.
A diretora do museu, Juliana Vosnika, afirmou que a ideia é abrir novas exposições com as obras doadas e também fazer mostras itinerantes pelo Paraná. “O MON é o maior museu de arte da América Latina e o grande desafio é manter um acervo vivo e mantê-lo disponível para o público”, disse.
AMÉRICA LATINA- Maior museu de arte da América Latina em área construída, com 35 mil metros quadrados, o MON triplicou o seu acervo nos últimos anos. Desde que foi inaugurado, em 2002, e até 2015, o MON contava com cerca de 3 mil obras. Atualmente, possui mais de 9.300 obras em seu acervo.
“Essa coleção veio para somar porque o museu incrementou seu acervo para além da arte paranaense, brasileira e eurocêntrica, mas também africana, asiática e latino-americana. Essa doação consolida esse processo”, salientou Juliana.
As obras estão abrigadas em um espaço de mais de 35 mil metros quadrados de área construída, sendo 17 mil metros quadrados de área para exposições, o que torna o MON o maior museu de arte da América Latina.