A cidade de Nova York está pressionando as pessoas a se vacinarem. No último dia de 16 de Agosto, o prefeito democrata Bill de Blasio aprovou uma lei que exige a prova de pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19 para frequentadores de ambientes fechados em apresentações, academias e restaurantes. Além de ter oferecido recentemente um incentivo de 100 dólares para quem fosse se imunizar. Essas medidas seriam para tentar conter uma terceira onda da doença, com a disseminação da variante delta.
Região de Nova York ainda sofre com prejuízos por lockdown
Em julho, De Blasio disse que será mandatória a vacinação para os funcionários da prefeitura. E os professores e trabalhadores das escolas públicas da cidade têm até 27 de setembro para tomar pelo menos uma dose do imunizante. Recentemente, em entrevista coletiva, Bill de Blasio falou que estava na hora de se vacinar e que está tentando fazer as coisas de maneira segura. “Se você quer fazer parte da nossa sociedade precisa ser vacinado,” afirmou.
Para entrar em locais fechados, os clientes precisam mostrar o cartão de papel ou um aplicativo da cidade chamado Excelsior comprovando a vacinação. A medida obriga os donos de bares e restaurantes a pedirem o cartão de vacinação dos clientes para checar se eles foram vacinados ou não contra a covid-19.
A partir do dia 13 de setembro, o atendimento só poderá ser feito mediante essa comprovação. O estabelecimento que desobedecer terá de pagar uma multa que varia no valor entre mil a 5 mil dólares. Os empresários reclamam que o setor já foi prejudicado o suficiente para agora ter de recusar clientes.
Tyler Hollinger, dono do restaurante Festival, que fica na parte alta de Manhattan, revela que as vendas caíram 30% desde o início da pandemia, em 2020, e que essa medida vai fazer com que ele demore mais a se recuperar. Ele afirma que não é contra a vacina, que as pessoas devem se vacinar porque ela salva vidas, mas que a responsabilidade de fiscalizar o cliente não deveria ser do setor.
“Em primeiro lugar gostaria de expressar que somos a favor da vacinação, mas achamos que as pessoas podem julgar o que é melhor para se manter saudável. Nosso negócio é servir bebida e comida e não determinar o que cada indivíduo faz para proteger a sua própria saúde,” revela.
Indignado, o empresário diz que se a cidade quisesse mesmo fiscalizar, deveria fazer isso nas estações de metrô, pontos de ônibus ou aeroportos. Ele conta também que não está impedindo ninguém de jantar no seu restaurante com base no status de vacinação. “Somos todos adultos e responsáveis pelos nossos atos. Todos nós entendemos os riscos atuais e é justamente por isso que estamos oferecendo três opções no nosso estabelecimento como as cabanas privadas, mesas na calçada ao ar livre e o espaço interno, para que cada um possa escolher onde se sente mais confortável,” relata o empresário.
Segundo Hollinger, a decisão do prefeito é problemática para os donos de pequenos negócios que ainda não conseguiram se reerguer. E fala que De Blasio criou uma situação de conflito e descriminação entre a população, limitando o acesso aos restaurantes. Além de que não é tarefa das pequenas empresas fazer com que as pessoas se vacinem. A cidade deveria dar oportunidade de emprego para aqueles que não estão trabalhando ou perderam o emprego por causa da pandemia e oferecer para eles serem monitores de vacinação, mas infelizmente parece que estão usando isso como coleta de receita por meio das multas que irão aplicar para quem descumprir a lei.
Do outro lado de Manhattan, Liran Leibman, dono do Zizi, no bairro do Chelsea, diz que vacinou todos os funcionários do restaurante para que os clientes se sentissem mais à vontade no espaço interno. E que isso também foi importante para que o pessoal que trabalha para ele se sentisse seguro perto dos clientes sem mascara. “Acredito que essa seja a melhor solução para proteger a nossa saúde e evitar outro lockdown. Mas se os clientes quiserem jantar conosco e que ainda não se vacinaram, serão bem-vindos a degustar o nosso menu na nossa área externa ao ar livre”, concluiu Leibman.
O prefeito de Nova York disse que consultou o Departamento de Justiça dos EUA e que recebeu uma mensagem muito clara de que era legal seguir em frente com essas medidas, mesmo sem ter tido a aprovação da FDA – Federal Drug Administration, agência federal do Departamento de saúde dos Estados Unidos que controla os alimentos e medicamentos no país.