Senadores querem modernizar o sistema de distribuição de postos diplomáticos no exterior e priorizar nações com maiores relações comerciais com o Brasil, de acordo com a revista Veja.
O intuito dos parlamentares é convencer o Executivo de que países da Ásia devem ser tratados como parceiros preferenciais, e que não faz mais sentido manter embaixadas e consultados em locais tradicionais que não estão gerando tanta renda para as exportações brasileiras.
Para sustentar o argumento, os senadores citam dados que mostram uma grande diferença nas exportações no primeiro semestre desse ano. Por exemplo, o Brasil exportou mais para a Índia do que para o Reino Unido, mais para Cingapura do que para a Alemanha, mais para a Coreia do Sul do que para a Espanha.
A presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE), Kátia Abreu (Progressistas-TO), disse que as exportações brasileiras para a Ásia, excluindo a China, são maiores do que tudo que o Brasil vende para União Europeia.
Entretanto, a presidente complementa que "o comércio Brasil-China é de aproximadamente US$ 1 bilhão [R$ 5,4 bilhões] a cada 60 horas".
Segundo a mídia, diante desses dados, os parlamentares instaram o chanceler Carlos Alberto Franco França a dar explicações sobre a produtividade e as vantagens comerciais da permanência de embaixadas em países com baixo fluxo de negócios com o país.
Em 2019 e 2020, o Itamaraty já fez um corte de 140 postos visando reduzir custos, principalmente no Estados Unidos e na Europa, mas ainda mantém, no total, 61 representações na Europa, 42 na América do Sul, 37 na África, 29 na Ásia e Oceania, 20 na América do Norte, 15 na América Central e Caribe e 12 no Oriente Médio e Ásia Central.
Atualmente, a manutenção dos 216 postos diplomáticos do Brasil no exterior consome cerca de 80% do orçamento anual do Ministério de Relações Exteriores, de acordo com a mídia.
"A manutenção de ampla rede de postos no exterior representa desafio orçamentário ao ltamaraty, uma vez que seu custeio se dá em moeda estrangeira, e, ao longo da última década, o real desvalorizou-se fortemente em relação ao dólar norte-americano. […] O orçamento do MRE em 2021 é o segundo menor dos últimos cinco anos", disse França em um ofício enviado ao Senado.
Esse ano, o Brasil desativou seus postos em sete países visando a diminuição orçamentária, foram eles: Serra Leoa, Libéria, Antigua e Barbuda, Granada, São Cristóvão e Névis e São Vicente e Granadinas. O consulado na Cidade do México, no México, também foi cancelado.