
A histórica desigualdade racial do mercado de trabalho brasileiro se tornou mais evidente com a crise socioeconômica provocada pela Covid-19. Segundo dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos primeiros meses da pandemia, a taxa de desemprego entre as pessoas negras (pretos e pardos) teve alta de 4,0 pontos percentuais. Já a dos brancos, o aumento foi de 0,6 pontos percentuais.
Além do desemprego, a desigualdade salarial também segue em alta. Apesar da metade da população brasileira ser negra (56%), apenas 24% estão no índice dos 10% mais ricos do país. Em relação aos 10% mais pobres, a maioria é negra, correspondendo a 78%.
Para o Instituto Ser +, que oferece capacitação profissional aos jovens em situação de vulnerabilidade, além da discriminação racial, a falta de acesso à educação é um dos fatores que acentua a desigualdade racial, econômica e de oportunidades. Dados recentes do IBGE apontam que na faixa etária entre 18 e 24 anos, as pessoas brancas têm duas vezes mais chances de estarem na universidade ou de já terem concluído o ensino superior, do que pretos e pardos. Mas, a inclusão de pretos e pardos avança lentamente devido a Lei de cotas criada pelo Congresso Nacional no ano de 2012.
“Nossos projetos são voltados aos jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Mas, não por mera coincidência, a maioria dos que chegam até nós, em busca de inserção profissional, são pretos. Essa realidade já diz muito sobre essa desigualdade de acesso. O que precisamos é romper esse ciclo e gerar oportunidades para essa e as próximas gerações”, conta Ednalva Moura, diretora de Educação e Diversidade do Instituto Ser +.