O funeral nacional do presidente assassinado do Haiti, Jovenel Moise, começou nesta sexta-feira (23) na cidade de Cabo Haitiano, com uma cerimônia sob forte esquema de segurança em um país atingido pela violência e pela pobreza
Moise, morto em 7 de julho por um comando armado em sua casa na capital, Porto Príncipe, era natural da região vizinha ao seu local de sepultamento, também no norte
Seu caixão, coberto pela bandeira nacional e pela faixa presidencial, foi exposto em uma esplanada adornada com flores, e é guardado por soldados das Forças Armadas do Haiti
A viúva do presidente, gravemente ferida no ataque noturno, estava presente, com um braço na tipoia, após ter sido tratada em um hospital na Flórida, no sul dos Estados Unidos. Representantes de delegações estrangeiras, corpos diplomáticos e membros do governo se revezavam para apresentar suas condolências
Até o momento, mais de 20 pessoas foram presas pelo ataque, a maioria colombianos, e a polícia afirma que o plano foi organizado por haitianos com ligações fora do país e ambições políticas. Porém, o caso continua obscuro, com muitas perguntas sem resposta
O Haiti é atormentado pela insegurança e pelas gangues, um flagelo que foi agravado durante a presidência de Moise
Sua morte reacendeu tensões históricas entre o norte do Haiti e o oeste, onde fica a capital, Porto Príncipe. Entre outros fatores, existe um antigo antagonismo entre os negros descendentes de escravos do norte e os mestiços, também chamados mulatos, do sul e do oeste
Por enquanto, o país não tem um parlamento funcional e poucos senadores eleitos. O governo interino instalado nesta semana não tem presidente. Além das eleições presidenciais, legislativas e locais, o Haiti tinha marcado para setembro um referendo constitucional, que já foi adiado duas vezes devido à pandemia do coronavírus